Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Vizinhos

Eu, como a maioria de vós muito provavelmente, vivo num apartamento. Isto de viver num prédio em estreito convívio com os nossos vizinhos, dá muitas dores de cabeça. Especialmente se os vizinhos forem como os meus.

Moro num prédio de três andares com rés-do-chão e uma cave incluída. Somos, portanto, nove condónimos. Nove apartamentos, todos com as respectivas famílias.

Eu devo ter tido muito azar nas famílias que calharam a morar no meu prédio. Não, esperem. Deixem-me ser mais honesta e específica: duas famílias. O resto dos vizinhos são impecáveis.

Mas estas criaturas aberrantes que vivem um por cima de mim e outro por baixo (bem se vê que eu moro no segundo andar), valem por todos os outros.

Começando pelo de baixo: costumavam ser nesta casa quatro pessoas e um cão, mas como se divorciaram, agora é só o elemento ex-marido que lá vive. O senhor tem uns horários bizarros e depois de alguma investigação lá percebi que é bombeiro, mas daqueles que assistem os paramédicos nas ambulâncias. O que é que estes horários alternativos me fazem?

(A mim particularmente, porque não me posso queixar pelo resto dos vizinhos e como estou tipo sardinha enlatada no meio das ovelhas negras da vizinhança, ninguém deverá sofrer tanto quanto eu.)

Este meu vizinho tem horários em que se levanta às 04/05h da manhã e o seu despertador é daqueles que emite um bip sonoro alguns decibéis acima do aconselhável à audição humana, o que àquela hora, acorda TODA a gente do prédio. Ou pelo menos, a mim.

Sim, eu sei que tenho um sono sensível, mas ainda assim aquilo não era de todo necessário. E pior ainda é o facto de ele se levantar, ir para o banho e para a sua habitual rotina matinal, sem desactivar o snooze.

Resultado: de dez em dez minutos estou a ser despertada do meu já inquietante sono até que inevitavelmente chega a minha hora de levantar o cú da cama. Isto é coisa capaz de vir a transformar-me numa psicopata e qualquer dia desço as escadas e quando o senhor abrir a porta, nem vai perceber o que é que lhe caiu em cima.

Ah e outra coisa: o cãozinho. Quando a ex-mulher e os filhos se mudaram, o cão ficou lá. Assim que o dono fechava a porta, começava a ladrar e uivar e então é que a madrugada estava perdida. Óbvio que os vizinhos juntaram-se e o cãozinho foi à vida.

Agora os vizinhos de cima: Aquilo é uma salganhada que eu nem sei bem explicar. Esta família é constituída por uma mãe, um casal de gémeos de 11 anos e uma filha de 14.

O marido trabalha fora (no estrangeiro, entenda-se) e só vem nas datas especiais e férias de verão. Têm ainda um filho de 20 anos que já não mora lá e uma outra filha de 26 que também deu de fuga - aquilo é que foi procriar.

Esta mãe trabalha que se esfola (pudera! Com tanta boca para alimentar) e sai de casa por volta das 06h (mais uma vez em grande estilo o meu delicado sono a trabalhar, até porque o vizinho de baixo fez questão de me acordar... E ouço-a fechar a porta), chegando às 21h. (Sei isto por razões que irei explicar mais abaixo. Atenção que não sou nenhuma coscuvilheira.)

E que queixas terei eu desta aparente vida normal?!

Tenho dos filhos. Como estão sem guarda parental assim que a mãezinha sai de manhã, é o descalabro TOTAL. Música em altos berros ainda nem são 08 da manhã e ao final do dia é a mesma coisa, estrategicamente, até às 21h (são espertos e bem sabem quando chega a mãe).

Quando digo "música em altos berros", quero mesmo dizer-vos que é coisa que se ouve ao longo de toda a rua e a rua tem para aí uns 300m. E que música? Só tenho duas palavras: Cidade FM.

Depois, temos ainda outra questão. Às vezes a mãe surpreende-os mais cedo e apanha-os naquele digno espectáculo. Resultado disto? Berraria e porrada com fartura - daí eu saber a que horas chega a senhora. Seria coisa que me daria pena das crianças, não tivesse eu vontade de fazer a mesmíssima coisa.
Ela repreende-os e diz-lhes que têm de ter respeito pelos vizinhos - coisa que ela não está a ter a fazer aquelas figuras - e que os castiga se voltam a fazer a mesma coisa.

Não sei para que se dá ela ao trabalho. A porrada e as ameaças não funcionam e no dia seguinte lá estão eles a repetir a dose e às vezes pior. Dizer à mãe deles já nem vale a pena, porque isso significa mais porrada a sério e pode parecer que não, mas também tenho coração.

Isto de viver em comunidade tem os seus problemas e nem sempre é fácil chegar à harmonia. Na sociedade em que vivemos então, não dá mesmo. Chamar alguém à atenção é coisa que pode resultar em pneus furados e decapante na pintura do carro. E eu tenho um carro à porta. As pessoas são más e apesar de (neste caso) não aparentarem fazer mal a uma mosca, nunca se sabe. E eu tenho mesmo muito receio dessas coisas, até porque não tenho obviamente vontade de arranjar guerra aberta com ninguém.

Já ouvi histórias entre vizinhos dignas de filme de terror e eu não quero entrar por aí. Agora que é complicado aturá-los, lá isso é!

5 comentários:

Mr.B disse...

A revelação do dia é: a MM também tem coração!!!

E bem grande por sinal. No fundo és uma cordeirinha vestida com pele de loba.

Os putos e o bombeiro fazem-te a vida negra e tu qual mártir aguentas e calas. A MM cala-se perante as adversidades da vida. Nunca pensei viver suficientes anos para assistir a uma situação destas...

Bem com o bombeiro, e já que é uma situação simples, julgo que se lhe pedires com jeitinho, para desligar o snooze depois de acordar, não deverás encontrar grande resistência. Basta fazeres um sorriso bonito, como tu muito bem sabes fazer, que qualquer homem aceita logo fazer o que tu pedires!

Quanto aos putos, tens 4 boas soluções:

1ª Chamas a polícia.
Consequências? Bem podem surgir várias consequências bem interessantes. Chega a polícia e encontra os putos em casa sem acompanhamento parental, liga para a protecção de menores. Os miúdos são retirados aos pais, indo parar a centros de adopção, sendo quase impossível que venham a ser adoptados por alguém do teu prédio... Problema resolvido. A família fica destruída mas ao menos tu já podes dormir...

2ª Mandas uma carta anónima, sempre que os putos puserem a música alta.
Consequências?
Os putos levam um enxerto de porrada durante uma semana inteira e depois eventualmente começarão a perceber que realmente é melhor baixarem a porcaria da música senão os vizinhos queixam-se e eles apanham! Eventualmente, depois de eles já não colocarem a música alta, podes de vez em quando e só para teu divertimento pessoal, mandar uma cartinha a acusá-los do mesmo, só para levarem mais uns cascudos da mãe.

3ª Compras MP3 ou MP4 para os putos todos, para ver se passam a ouvir com os fones e deixam de por música na aparelhagem...

4ª Apanhas os putos nas escadas do prédio e com uma agulha de croché furas-lhes os tímpanos. Vais ver como perdem logo o interesse em ouvir música alta...


Não desanimes, hoje é dia de TANGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO.

Sweet Villain disse...

Ainda dizem que as únicas pessoas que não escolhemos é a nossa família. Os nossos vizinhos tb não! É um luxo só para alguns! :(

Opah, sempre tive alguma sorte com os meus vizinhos, mas tenho medo do futuro! :P

MM disse...

Mr. B.

Mas alguma vez te passei a ideia de pessoa sem coração?! Fria, distante?!

Don't think so! ;)

Agora ter coração é uma coisa e deixar-me levar em cantigas, é outra bem diferente.
E aí nessas, já me conheces o suficiente para saberes que comigo não!

E eu não me calo perante as adversidades da vida, simplesmente tenho algum bom senso e fico a aguardar a ver se o bom senso também pinga do outro lado.

Como não parece ser o caso, talvez tenha de me chegar à frente.

Não sei se o truque do sorriso irá funcionar... Na realidade nunca precisei de fazer charme para cima de nenhum homem. Por alguma estranha razão que eu não sei explicar, eles tendem a achar o meu mau feitio a minha melhor arma de sedução. Bem... Pancadas! O que dizer?! É o velho mito de os homens gostarem de ser maltratados... Talvez não tão mito afinal...

Oh pah e quanto às tuas soluções para resolver o problema das crianças... Fica muito mal dizer que já pensei em todos esses esquemas diabólicos?! Vê lá tu bem a mente pérfida que tenho! Shame on me!

Mas sim! Nada a temer! Hoje temos TANGO!!!

MM disse...

Sweet Villain,

Tem medo! Muito Medo!!!

Mr.B disse...

MM, claro que nunca passaste a ideia de seres uma pessoa sem coração e muito menos fria e distante.
Não me dou com esse género de pessoas!!!
Sei perfeitamente que tens um GRANDE CORAÇÃO.

Mas como gostas não te deixas levar em cantigas, por vezes deixas transparecer uma faceta de durona mas que na realidade não é mais que uma mascara, do teu enorme coração.

E apesar de não precisares de fazer charme para cima de ninguém, visto que o teu lendário mau feitio é demasiado sedutor, deixa-me que te diga que o teu sorriso, também pode fazer maravilhas!!!

Põe mais vezes o sorriso que tens quando sais do Tango. Com toda a certeza que o mundo fica um lugar mais bonito!


Diverte-te no tango e sorri.

P.S. Também eu tenho maus vizinhos. Os meus para além de gostarem de andar a arrastar móveis à meia noite, adoram sacudir o saco do aspirador e o cinzeiro ou o cigarro para cima do estendal da roupa. Já andaram mais longe do meu famoso mau feitio...