O que poderei eu falar sobre este tema que não tenha sido já extensivamente analisado por leigos e especialistas?! Muito pouco, certo? Mas de todas as coisas que já li sobre o assunto, falta (na minha opinião) uma visão mais alargada na abordagem da perspectiva do perpretador, ou seja, daquele que trai.
Que eu saiba, nunca fui traída. Não coloco as mãos no fogo por ninguém, até porque nem sempre são coisas que possamos prever. As paixões acontecem e a única coisa que sempre pedi a quem partilha a minha vida sentimental é honestidade. Se já traí, também não e logo não vou falar aqui de experiência própria. Vou falar com base nos muitos casos que conheci, de relações que acompanhei que foram surpreendidas por uma traição e da visão que tenho assistido dos dois lados da equação, debruçando-me mais sobre o lado que trai.
E porque vou eu pôr-me deste lado?! Porque quem trai é sempre visto como a pessoa sem escrúpulos e carácter que não respeita o parceiro e que propositadamente destrói a relação procurando trair arbitrariamante.
Ok, acredito que hajam pessoas assim. Pessoas que simplesmente não conseguem ser fiéis e que procuram mesmo entrar em relações extra-whatever que tenham. Mas outras há que nunca se viram confrontadas com esta situação e que em estando, ficam realmente perturbadas.
Acho que é importante perceber que ninguém controla os seus sentimentos e que podemos a qualquer altura, ainda que estejamos numa relação séria e com "pés para andar", sentir uma atracção ou algo mais por outra pessoa e que essa pessoa possa retribuir. Sim, porque a chatice disto tudo é se o objecto do nosso interesse sente o mesmo. Danou-se tudo, porque até lá podia ser uma mera fantasia e todos nós fantasiamos (não existe ninguém estupidamente fiel ao ponto de nem em pensamentos prevaricar.)
Se existe o mesmo interesse da outra parte... A coisa vai assumindo, ainda que aos poucos, contornos preocupantes. Começam por encetar mais vezes conversa, se trabalham juntos (e é no trabalho que passamos grande parte da nossa vida), começam os almoços juntos, os e-mail's, os sms's e é um passinho muito pequenino até estarem emocionalmente envolvidos com outra pessoa.
Depois há os casos que morrem aí (raros, já que a coisa está a correr tão bem) e há os que seguem em frente para o envolvimento físico.
Aquando do envolvimento físico e partindo do princípio de que estamos a falar daqueles para quem a traição não é um comportamento habitual, gera-se a primeira fase do conflito.
1ª fase
"Aconteceu, mas isto fica por aqui e não volta a acontecer nunca mais. Errar é humano e foi uma coisa que se deu no calor do momento, estava de cabeça quente e não pensei nas consequências e não se volta a repetir." Acabámos de identificar a primeira fase: Negação.
Quer-se fingir que não aconteceu nada e tendo acontecido o melhor é passar uma esponja sobre o assunto. Aqui ou não correu bem e há um afastamento natural de ambas as partes ou correu bem e isto é conversa fiada.
2ª fase
"Ok, está a acontecer e isto é espectacular, ninguém precisa saber. É só um caso, a vida é curta e há que aproveitar enquanto podemos e de qualquer forma, não vai passar disto... Eu consigo gerir isto." - Aceitação. Nesta altura, reconhece-se o que aconteceu e decide-se dar continuidade na certeza de que a situação está sobre controlo. Nesta fase, os problemas de consciência ainda estão minimizados pelo calor da chama.
3ª fase
"Isto está a ficar sério. Eu estou a começar a deixar-me envolver. O que é que eu faço?!"
Aqui a coisa está a começar a chegar ao cérebro. Sim, porque até lá andou nas partes mais baixas (perdoem-me o brejeirismo, mas é a verdade). Esta é a fase do Reconhecimento. A fase em que percebem que não controlam assim tão bem a situação e que já começam a ter sentimentos pela outra parte.
É nesta fase que as coisas com a pessoa com quem se mantém a relação oficial, começam a complicar. Os problemas de consciência começam a surgir e repensam toda a relação. Ou chegam à conclusão de que é com aquela pessoa que querem ficar e acabam com o affair, tentando compensar a pessoa com uma série de gestos que, se nada davam a desconfiar até à altura, passam a dar e já depois de acabado o caso extra-whatever, vem ao lume a verdade; ou querem manter ambas as relações, pois não se veêm sem nunhuma delas.
4ª fase
Escolha. É claro que se a pessoa nunca antes tinha passado por tal coisa, não irá conseguir levar este esquema adiante durante muito tempo. E aqui não há muito a dizer. Nesta fase a escolha impõe-se até porque as coisas com a relação oficial estão à beira da ruptura.
Já não se dorme, nem come como deve de ser. Não se consegue encarar a outra pessoa. Anda-se num conflito permanente. Rebaixam-se e perdem confiança, respeito etc por eles próprios e logo aqui se vê que afinal quem trai, também tem sentimentos. Afinal estas pessoas não levam a situação de ânimo leve e destroem prepositadamente a sua própria vida e a dos outros.
Assisti e acompanhei verdadeiros dramas por parte de quem trai ao ponto de se transformarem eles próprios numa vítima das suas acções, sofrendo com o mal que fizeram a outra parte passar e ainda mais quando há filhos envolvidos.
Não acho que seja uma atitude arbitrária e que alguém de bom juízo escolha passar por isso voluntariamente. Seria simpático que a partir de agora, passássemos a ver a coisa com outra perspectiva, ao invés de sermos os primeiros a criticar e a apontar o dedo.
Não estou a dizer que concordo com o que fizeram e nem que o sofrimento sincero destes justifica o sofrimento que causam no outro lado, mas "you never know" quando pode calhar a nós. E por muito munidos que pensemos estar, pior. Quem tem muitas certezas sobre muita coisa, só pode ser uma pessoa toda ela um ponto de interrogação, if you know what I mean...
Por isso, repito: as relações são complicadas. O respeito, a comunicação e o sexo são, a meu entender, os pontos fulcrais a manter. Ninguém é senhor de ninguém e não podemos tomar como garantido o que quer que seja nesta vida. Outra coisa impossível de acontecer na vida é passarmos por ela impassíveis e intocáveis, por isso há que vivê-la, respeitando-nos e aos outros sempre que possível.
13 comentários:
MM, claro que não foste traída. Só de pensar nas consequências que daí poderiam advir, qualquer um desiste logo...
Mais a sério, aparentas ser uma mulher demasiado excitante para sequer dares hipótese de alguém chegar sequer a pensar em trair-te. A vida contigo deve ter tudo menos monotonia e rotina, o que numa relação, geralmente é o que faz as coisas começarem a fraquejar.
E começam a fraquejar por causa do nosso melhor instrumento sexual, o cérebro.
Não sei o que é ao certo. Se é da falta de adrenalina ou outro tipo de substância, mas o que antes era uma excitação total, começa a ser de maneira geral e se não se tiver cuidado e imaginação, algo de rotineiro. Sim é bom. Sim é excitante, mas não é a mesma coisa. Já não é novidade, já não é o fruto proibido. Não existe aquele frenesim da paixão, a loucura...
O nosso cérebro precisa de mais. É quase como uma droga. E então o dos homens...
Posso estar errado mas a ideia que tenho é que a maior parte dos homens, só pensa em sexo, o que não sendo particularmente mau, logo adquire uma perspectiva errada quando se tem alguém ao nosso lado. Alguém com quem assumimos um compromisso, de forma menos ou mais formal.
É com a senhora do quiosque que vende os jornais, é com as colegas do trabalho, é com a caixa do supermercado, é com a vizinha “boazuda” do 5º andar, é com a jeitosa do ginásio, etc, etc, etc... se for com todas ao mesmo tempo melhor ainda!!! Fantasias dirão uns. Digo eu que só são fantasias, quando não têm possibilidade de as tornar realidade. Porque perante tais oportunidades muito poucos sequer hesitariam.
Percebo o teu ponto de vista de a partir de certa altura o que trai no fundo acabar por sofrer também bastante. Mas será que numa situação semelhante, não voltariam a fazer tudo outra vez? A grande maioria deles não hesitariam um segundo, perante tal oportunidade...
Quando dizes que:” ...as relações são complicadas. O respeito e a comunicação são, a meu entender, os pontos fulcrais a manter.”, esqueceste o aqui o sexo. Sem sexo, a maior parte das relações falha, tal como se não existir respeito e comunicação. Há que manter a chama acesa pois caso contrário só propicia este tipo de situações.
O nosso cérebro necessita disso e busca-o sempre incessantemente!!! Se não o tem em casa...
P.S. Passei o texto 35 vezes pelo corrector ortográfico. Espero que não encontres nenhum erro... :)
Fizeste-me rir a bom gargalhar! Escreveste muito bem, mas lamento informar-te que ainda assim apanhei erros! LOL! Não são erros imperdoáveis, don't worry! ;)
Em relação ao teu comentário sobre a menor probabilidade que supostamente terei em ser traída, só digo isto: aquele que prestando-me a "assistência" que requiro e consiga ainda assim arranjar por fora... Merece sem dúvidas, um prémio. ;)
Não são só os homens que pensam em sexo. As mulheres também, mas poucas admitem-no devido ao estigma que ainda existe sobre este assunto.
Eu penso em sexo MUITAS vezes e não me envergonho de dizê-lo. Mas na verdade, prefiro praticá-lo!
P.S. Erro fatal! Como posso eu ter-me esquecido do sexo?! Vou emendar! 'Bigada por estares atento!
Ah! E mais uma coisa: Quem trai uma vez, trai mais duas ou três.
Não vamos fazer disto uma regra. Mas será assim na maioria dos casos e independentemente do sofrimento passado com o fim de uma relação motivada por uma traição.
"aquele que prestando-me a "assistência" que requiro e consiga ainda assim arranjar por fora... Merece sem dúvidas, um prémio. ;)"
Gostaria de deixar apenas alguns pensamentos que me surgiram relativamente a esta tua frase:
1ºIsso é que é ter moral em alta!!!!
2ºCuidado com a publicidade enganosa...
3ºTenho de te pedir para falares sobre o tema "as maravilhas da castidade"...
4ºO raio da MM faz das complicações da vida uma coisa bem simples (isto quando não está entretida a complica-la...)
5ºSerá possível meter baixa médica por exaustão sexual?
6ºIsto há gajos com sorte...
Ok! Vamos lá então:
1º Não é ter a moral em alta. É conhecer-me bem e saber o que sou e como sou sem preconceitos ou pudores!
2º Não é publicidade, nem marketing, nem auto-promoção. Já foi atestado por algumas felizes criaturas a quem permiti comprovarem-no eles mesmos!
3º Isso por si só é uma contradição. A castidade não poderá NUNCA ser uma maravilha! A falsa castidade por outro lado... É um excelente estímulo e um dos meus "jogos" preferidos. "Olha para mim tão casta e pura que sou. A sério! Não acreditas? Então fica aí bem quietinho que eu vou-te mostrar..." LOL!
4º Há que descomplicar. Contudo, não penses que cheguei a este nível de descomplicação sem ter complicado o suficiente no percurso! ;)
5º "Exaustão sexual"?! Mas quem é que se exaure de uma coisa dessas?! :o
6º Há-los! Mas teriam ainda mais sorte se não dessem numa de "gajas" e começassem a complicar...
Quando me referi a exaustão sexual, referi-me à parte física.
Sim, que pelo que tu apregoas, a coisa não deve ser fácil, fisicamente falando.
Já estou a imaginar os desgraçados dos rapazes ao fim autenticas maratonas sexuais, ainda ouvirem a insaciável MM dizer:" Bem, agora que foram os preliminares, passemos então à acção!!!
Bem ao menos morrem felizes, chupadinhos mas felizes...
E no fim ainda deves querer que vão dançar tango contigo!
Irra...
O conselho que te deixo é que além de procurares um professor de português, procura um também que seja assíduo frequentador de ginásios.
E já agora que não tenha problemas cardíacos, é que deve ser chato o gajo morrer a meio da acção e tu na emoção do momento só dares conta, 5 horas mais tarde, que o gajo morreu...
É verdade já quase me esquecia. Só te ficava bem colocares um post dedicado à espectacular vitória do Glorioso Benfica no campeonato nacional!!!!
BENFICAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Não vou julgar ninguém, como muito bem escreveste, não nos cabe a nós e não sabemos o dia de amanhã.
Mas não concordo com o facto da ESCOLHA ser a 4ª fase. Ok, não escolhemos por quem nos sentimos atraídos, mas ESCOLHEMOS passar do pensamento à acção. Todas as nossas acções são objecto de escolha! Por mais fácil ou difícil que seja é sempre uma ESCOLHA.
E tentar fazer dos traidores "coitadinhos", pah não faz sentido. "Tadinhos", não dormem, não comem, blá blá blá! Pior é a situação das pessoas que estão a ser traídas. Eles (ou elas) apenas estão com problemas de consciência.
E tudo isto resume-se a apenas uma coisa: FALTA DE RESPEITO.
Sweet Villain:
Nem sempre a parte da escolha é assim tão linear... E eu não fiz ninguém de "coitadinho". E até disse que o sofrimento do traidor não justificava o que estava a fazer à outra parte. Apenas pus em perspectiva uma situação que nenhum de nós está livre de passar. Quer como traído, quer como traidor.
E o pior factor da falta de respeito é quando a pessoa o perdeu para consigo mesma, porque aí já nem vai saber distinguir se está ou não a faltar ao respeito a quem quer que seja.
Mr. B:
O que eu quis dizer é que não acho legítimo alguém se queixar de exaustão física por causa de sessões tórridas de sexo, uma vez que lhes deu prazer.
E eu tenho uma espécie de mantra pessoal que diz: "Não me posso queixar do que me deu prazer fazer!". E nesse sentido: "Mas quem é que se exaure de uma coisa dessas?!" ;)
Até à data nunca nenhum se queixou, apesar de já terem chegado a confessar que se sentiram um bocadinho "abusados". Mas não o disseram em tom de crítica. Antes pelo contrário. Mais numa de: "Oh... Abusa lá outra vez!".
5 Horas?! Mas que raio e eu não me dava conta que o gajo estava morto?!? Era o "rigor mortis" que me ia enganar?! Hummm... Não me parece!
Não me interesso só, única e exclusivamente nessa parte da vossa anatomia. Há muitas mais coisas a explorar e convém que o menino esteja vivo e de boa saúde! ;)
Mais uma coisa, Mr. B:
Sou Benfiquista sim senhora e com muito orgulho. E estou muito feliz por sermos campeões, mas não vou de modo algum tornar o meu blog tendencioso.
Mas assim baixinho e em tom de sussurro, posso dizer-te:
Benficaaaaaaaaa!!! Glorioso SLB, Glorioso SLB!!!
Claro que estava só a brincar.Se o gajo a meio batesse a bota tu descobrias muito antes... aí umas 2 horas depois!!!
De qualquer forma e tendo em conta a emoção que colocas na descrição que fazes desses momentos, é melhor nem me por a imaginar. A imaginação de um homem vai sempre pelo mesmo caminho...
Já estou farta de rir LOL!!!!!
Texto este que deu q falar e comentar !!
Em relação ao comentario acima referido:
Porque não podem os traidores ser os "coitadinhos" ?????
Porquê que os que são traídos é que são os tadinhos?????
O engraçado da situação resume-se ... Por norma as pessoas que são traídas, tem parte da culpa...
pensamento obvio: por norma a traição deve-se a FALTA DE SEXO...
então a pessoa que tem o estandar-te, tambem falhou certo???
o que está a trair... tem o direito de procurar o que satisfaz !!!
Não sou de acordo claro ... mas tb nao culpo um ou outro as coisas so acontecem quando tb as causamos.
Mas porque q as mentes femininas são tao dificeis? as vezes entristece-m ser mulher e nao entender as mentes de metade delas...
Não é por trair que a pessoa nao ama a pessoa que tem.. até porque pode ser a pessoa melhor e q nao queremos perder ao nosso lado.. mas se falta a satisfação sexual??? acaba-se o relacionamento por isso???
Metade das mulheres que são taridas sao as culpas.. passam a vida a queixar-se e a dizer q os maridos sao tarados sexuais ... tem sempre algum problemas (e desculpas tb) .. fiquem gratas... por terem maridos ou namorados tarados por voces... é OPTIMO SINAL !!!!!
Cabe aos casais resolverem as suas questoes... acima de tudo não esqueçam:
A PRINCIPAL TRAIÇÃO NO CASAL É CRIAR OBSTACULOS!!!!
TRAIR A NÓS MESMOS.... TRAIÇÃO EM CORPO É O MENOS...
P.S - sou mulher... tenho marido ... não o traiu !!!! e julgo nao ser traída ... o meu lema feminino: DÁ DE ALIMENTO AOS TEUS PARA NAO TEREM QUE IR PEDIR FORA DE CASA !!!!
=P
Antes de mais não faz sentido falar em género, porque tanto os homens como as mulheres também traem!
Continuo a achar que não são os traidores uns coitadinhos, porque:
traidor (ô)
(latim traditor, -oris)
adj. s. m.
adj. s. m.
Que ou aquele que atraiçoa; desleal; pérfido.
(fonte: priberam)
Alguém que é desleal não me parece um coitadinho.
No entanto, concordo que os traídos também o podem não ser (coitadinhos entenda-se). Também concordo que devem ser os casais a resolverem as suas questões, como é óbvio, e não vou ser eu, nem o amigo/a, vizinho/a, pai, mãe etc a julgar!!! MAIS QUE ÓBVIO!
Como disse antes, é uma questão de respeito! Porque não assumir uma relação aberta?! Nesse caso não se estaria a ser desleal (nem consigo, nem com o seu/sua companheiro/a).
MM:
"E o pior factor da falta de respeito é quando a pessoa o perdeu para consigo mesma, porque aí já nem vai saber distinguir se está ou não a faltar ao respeito a quem quer que seja. "
Não podia estar mais de acordo. :)
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