Muito se tem falado que temos cada vez mais de apostar em políticas verdes de forma a minimizar a nossa pegada ecológica no planeta.
Que temos de fazer melhor uso das energias renováveis, fazer a separação de resíduos reciclando-os e reutilizando materiais, diminuir os consumos de água e luz e por aí adiante.
Devo, antes de mais, dizer que concordo plenamente com todas essas louváveis iniciativas, mas não posso deixar de fazer alguns reparos.
Por exemplo, na empresa onde trabalho, tenho recebido e-mails em que em nota de rodapé vem um apelo verde: "Verifique se existe mesmo a necessidade de imprimir este documento". Não têm sempre esta mensagem ipsis verbis, mas o conteúdo passa por aí.
O curioso é que grande parte desses documentos são facturas e em Portugal o único suporte legal de fiscalização é o formato papel. Logo, eu vou ter a necessidade de imprimir aquele documento em particular.
Será que uma política verde realmente empenhada em acabar com o consumo excessivo do papel, não deveria fazer restruturações de base para legalizar meios que permitam fiscalizar a contabilidade de uma empresa via electrónica?!
E quem diz contabilidade, diz processos judiciais, notificações, comprovativos de morada, IRS e outros tantos que acabamos inevitavelmente por ter de imprimir por força maior de prestar prova neste ou naquele serviço público (partindo do princípio que somos já clientes electrónicos de todos esses serviços - eu sou).
Naturalmente nem todas as pessoas dispõem de meios informáticos, apesar de já ser raro quem não tem, mas também por aí deveriam ir as restruturações caso essas mudanças se verificassem.
Em relação à separação do lixo, eu na minha rua não tenho um único ecoponto. Tenho na rua de baixo e na rua de cima e então na minha?! Não percebo!
Para fazer a tal separação, tenho de colocar o lixo no meu automóvel e quando passo pela rua de baixo (uma vez que a minha rua é de sentido único e obrigatoriamente passo por lá), páro e vou pôr o lixo nos respectivos contentores.
Mais! Na minha opinião a nova construção vertical já deveria contemplar métodos de separação dos lixos no próprio prédio. Tal como se vê nos filmes estrangeiros onde a pessoa abre a porta de casa e no corredor/hall do andar tem uma portinhola para despejar o lixo. Neste caso, ou três portinholas ou uma com três cubas devidamente separadas lá dentro, tipo escorrega, para o lixo ir encaminhado segundo a sua qualidade.
Depois deveriam ser retiradas do mercado todas as lâmpadas não economizadoras, todos os sacos de plástico e todas as bebidas engarrafadas em garrafas de plástico.
Devia haver maior preocupação em reutilizar os óleos culinários - não existem pontos de recolha para isto, pelo menos não suficientes - e ainda haver maior número de pilhões.
Além de tudo isto as pessoas deviam ser sensibilizadas para os efeitos devastadores que uma só pilha deitada no lixo de desperdício (lixo normal) e um único litro de óleo deitado numa pia ou sanita lá de casa, têm.
Os técnicos de marketing e técnicos publicitários deste país deviam literalmente chocar a população com imagens e fenómenos de efeito/causa em publicidade televisiva, Outdoors e spots de rádio. Tentar responsabilizar e consciencializar-nos através da realidade em vez de camuflarem o que acontece ao lixo que diariamente produzimos.
É claro que tudo isto é muito bonito falado e escrito... Na prática não é bem (nada) assim, mas mantermo-nos na ignorância ou não darmos importância porque TODOS OS OUTROS FAZEM ASSIM é a maneira ERRADA de pensar.
Se queremos que as coisas mudem, temos de começar por nós. E um pode não fazer muita diferença, mas se aos poucos a esse "um" se juntar outro e depois mais outro... Vamos lá.
Estão a ver a conversa e publicidade que passa a toda a hora sobre o Mundial de Futebol em África sobre energia positiva? Quando todos querem o mesmo, que juntos conseguimos?
Pena não existir a mesma mobilização de massas e tamanha campanha publicitária para algo que realmente importa e que está ao alcance de todos: FAZER MELHOR E SER MAIS AMIGO DO AMBIENTE!
Nota: Não entrei aqui numa de combustíveis... Porque é tão ultrajante a nossa dependência sobre os mesmos e tão grande a falta de alternativas viáveis e económicas que viabilizem a sua substituição que... Nem vou entrar por aí.
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