Às vezes dou por mim a desejar acreditar neste dogma cármico. Não no sentido de esperar a vingança, mas no sentido de se fazer justiça.
Existem pessoas que, ao gerarem situações desnecessárias, malévolas e vingativas, merecem levar o retorno das suas acções. Não digo sob a forma de "moeda de troca", mas como alguma forma de justiça divina ou cósmica que tente colocar e/ou repôr as coisas na sua ordem natural.
É do conhecimento e da sabedoria popular que famosas expressões corriqueiras sejam mencionadas quando alguma dessas situações se verifica, mas há sempre uma qualquer coisa que me deixa aquém.
Um sentimento de impotência que me trespassa e me leva a crêr que a crença nessa qualquer força energética que procure a justiça por nós, não passa de uma maneira de nos subjugarmos a uma pré-existência consciente da nossa pequenez.
Esse sentimento de justiça reflectido nalguma espécie de entidade ou algo mais abstracto, mas ainda assim superior a nós, nada mais é que, um reconhecer que somos insuficientes perante algumas situações que se nos apresentam. Uma constatação da nossa incapacidade elevada ao seu expoente máximo.
Talvez seja uma defesa, talvez seja a nossa forma algo infantil de tentar racionalizar algumas atitudes ou talvez possa ser ainda, um desejo inconsciente de não dar uma noção de finidade ao nosso imaginário... Talvez seja tudo isto englobado. Não sei!
A realidade é que as coisas nem sempre são justas. Nem sempre é possível procurar esse sentido de justiça e, às tantas, acreditar no esotérico ou espiritual é a única escapatória pré-demência que encontramos para sobreviver num mundinho onde muito poucas coisas são controláveis.
Alguns de vós discordarão. Dirão que a capacidade de dirigir e orientar as coisas de uma determinada maneira está nas nossas mãos, que são as nossas atitudes castradoras e pensamentos mais limitados que nos impedem de tomar as rédias da nossa vida (que volta e meia, fazem ricochete e nos chicotam violentamente). Terão razão em algumas partes, não terão toda a razão... Mas quem é detentor da Razão?! A suprema Razão?!
Who knows?! Cada um de nós terá a sua e esperemos que dotada de algum bom senso.
Na impossibilidade de levarmos as coisas como as desejamos, resta-nos munir com alguma paz de espírito e quietude os dias, momentos, pensamentos e comportamentos que nos assolam na esperança de que "melhores dias virão".
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