Como já tive oportunidade de vos dizer no
post "Gravidez", encaro este assunto de forma séria e é um assunto que desperta em mim alguns sentimentos de difícil categorização. Nesse seguimento, lembrei-me que podia explanar um pouco mais a coisa e falar de outros factores que, na minha opinião, estão errados.
Adianto, mais uma vez, que limitar-me-ei a dar a minha opinião, sem experiência no assunto e tendo como única base o conhecimento que me é dado através dos casos que acompanhei.
Nunca estive grávida e por isso não posso falar com conhecimento de causa. Acredito que existam mulheres para quem a gravidez foi um horror. Há mulheres que passam muito mal e que para além dos constantes enjoos, ganham diabetes getacional e algumas tendo a chamada gravidez de risco, têm de ficar de repouso mais que absoluto para evitar o nascimento prematuro do bebé com todas as consequências negativas que isso acarreta.
Mas outras há, que tendo um gravidez perfeitamente normal agarram-se ao seu estado como uma desculpa para tudo e mais alguma coisa. Passam a fazer exigências estapafúrdias aos seus companheiros, começam a comer por dois ou três, passam a ser irritadiças, implicativas e de constante mau feitio, com a desculpa de que a gravidez é razão mais que suficiente para todo esse seu alegado desequilíbrio.
Muitas vezes, é fantochada! Eu já assisti a isto. Uma forma (muito triste) de vingança para com os seus companheiros, já que segundo elas têm o poder nas mãos. São mulheres como estas, que fazem desacreditar todas as outras que realmente passam mal.
Outra das coisas que acontece quase que automaticamente (e atenção que não estou a generalizar) é usarem a gravidez como pretexto para deixarem de ter sexo. Certo é que também há alguns homens que a partir do momento em que sua companheira engravida passa a ter um sinal de passagem proíbida. Um amigo meu chegou ao ponto de achar que ter sexo com a mulher dele nessa condição era uma forma de abuso sexual. Enfim... Há pancadas para tudo.
Voltando à vaca fria... Quando uma gravidez decorre normalmente, são os próprios médicos que aconselham os casais a manter a sua normal actividade sexual. Agora há mulheres que ou por não gostarem de sexo, aproveitam esta desculpa para o deixar de ter ou por se deixarem de sentir sexys, deixam de o procurar. Convém aqui, também, que o companheiro tenha alguma sensibilidade e ajude a companheira a ultrapassar esses receios, mostrando-lhe que a deseja.
É nesta fase da vida de um casal (a espera de um filho) que existem mais probabilidades de traição por parte do companheiro. Muitas delas motivadas por esta "aversão" que algumas mulheres ganham aos seus companheiros.
Acreditando que em alguns casos, seja um facto... Parece-me a mim que noutras situações é uma forma imbecil de egoísmo, onde a gravidez passa a ser vivida totalmente pela mulher, renunciando qualquer envolvimento por parte do pai da criança.
É triste que essas mulheres não vejam o quão mal estão a fazer aos seus bebés com eles ainda protegidos nos seus ventres. Muitas vezes, a mãe consegue transformar-se no pior inimigo do seu bebé. Os médicos fartam-se de dizer e há imensos livros a atestá-lo que o bebé, ainda dentro da barriga da mãe, é bastante sensível aos estímulos que o rodeiam, bem como aos estados de espírito da mãe. É importante o casal estar unido e é importante, também, o bebé familiarizar-se com a presença, toque e voz do pai. O pai não pode ser relegado nesta equação.
O que acontece é que, por vezes, este egoísmo continua mesmo depois do nascimento do bebé. A mulher passa a viver única e exclusivamente para o seu filho e não deixa, sequer, o pai participar nas actividades diárias, como dar banho, dar o biberão, vestir, mudar a fralda, etc.
Além de este tipo de atitude descredibilizar totalmente a figura paterna, fomenta conflitos entre o casal que muito porvavelmente já não se estaria a dar muito bem durante a gestação. Depois as mulheres, queixam-se que os seus companheiros não ajudam em nada. Porque será?! (Falando daqueles homens que estão realmente interessados em participar de forma activa na vida, criação e lidação dos seus filhos e que felizmente nos dias de hoje, são a maioria.)
Este relacionamento além de não ser saudável e afastar toda a cumplicidade que pudesse existir no casal, afasta-os ao ponto de poderem prejudicar a educação conjunta da criança.
Na minha opinião, as mulheres com a maternidade deixam de ser mulheres e passam a ser só mães. Acho ser um conceito muito errado e perigoso. Antes de se ser mãe é-se sempre e em primeiro lugar mulher.
Ainda que o papel mãe seja um papel de 24h/7x365 dias, há que manter a mulher que existe em cada mãe, intacta. Aliás, há que mantê-la e cultivá-la.
Só com estas posições devidamente definidas e assentes é que é possível manter um relacionamento com o seu companheiro antes, durante e depois da chegada de um filho.
Manter a sensualidade, o cuidado com elas mesmas, a chama da paixão e a sexualidade. Atenção que eu bem sei que é complicado gerir tudo isto e que falar é mais fácil que fazer e ainda mais quando quem está a falar nunca passou pela experiência. Não atirem pedras. Bem sei que não passei por isso, mas já acompanhei muita gravidez e acompanho muitas relações e quem está de fora, vê sempre muito melhor como bem sabem.
Ninguém diz que é fácil. E eu não estou a dizer que é fácil e acredito que alturas há que depois de um exaustivo dia de trabalho, ir buscar as crianças às escolas, banhos, fazer jantar, preparar almoços e lanches para o dia a seguir, preparar as roupas que as crianças vão vestir, limpar a casa, arrumar cozinha, passar a ferro, estender a roupa e pôr mais a lavar... É coisa que deixa qualquer um de rastos e capaz de nem precisar de uma cama para "arrochar" como se não houvesse amanhã.
Por isso, casais: ajudem-se! Dividam as tarefas! Organizem-se! Mantenham a vossa cumplicidade! Saibam rir-se dos precalços e encarar com algum desportivismo as peripécias que vão surgindo. E acima de tudo: mantenham a vossa vida sexual!
Não se percam nas malhas da maternidade. É um engodo perigoso por ser tão dissimulado e tão adornado como a dádiva mais bela que temos nesta vida. Mas até as coisas mais belas da vida se podem tornar um pesadelo. Está nas nossas mãos, evitá-lo!