Homens e Mulheres manifestam uma bizarra tendência ao desleixo assim que entram no chamado relacionamento estável. E este desleixo é caracterizado tanto ao nível da aparência física, como da manutenção do ego, amor-próprio e auto-estima.
Há uma maneira errada de pensar que entra em modo automático, assim que o compromisso de uma relação é assumido. A maneira que diz: "és minha/meu e agora já não há necessidade de investimento."
Não generalizando este tipo de comportamentos, porque felizmente não é factor comum à maioria... Atrevo-me, no entanto, a dizer que existe já uma grande percentagem de casais afectados por este flagelo.
Enquanto estão na fase da corte, é tudo muito bonito. Constante preocupação com o seu aspecto e com o seu corpo, com a maneira de vestir, sempre perfumados e até a forma de falar é, por vezes, diferente. Estão sempre a colocar o novo obejcto da sua afeição em primeiro plano, preocupando-se com os seus gostos, preferências e fazendo tudo para ir ao encontro das expectativas do parceiro... Sim, sim! Eu sei! É normal! E acho bem! Não acho é normal todo esse "investimento" empregue na nova relação, descambar assim que a coisa fica séria.
Nos homens, é comum vê-los engordar, deixando de fazer o tal exercício físico de que tanto se gabavam; começam a beber (quando diziam que só bebiam socialmente); deixam de se barbear; combinar cores nas roupas é uma trabalheira e passam a andar vestidos tipo "chungas"; começam a falar mal e a ter maus modos; relegam a namorada/mulher por qualquer outra coisa que lhes pareça mais interessante, etc.
Nas mulheres, é vê-las a engordar e a começar a comer todas aquelas coisas que nunca assumiriam comer; factor comum e que me deixa louca é deixarem-se de depilar (como é que é possível?!); passam a vestir-se de um modo mais abandalhado; algumas deixam de se maquilhar; começam a querer mudar o seu companheiro (a mulher tem sempre esta ideia besta de querer moldar os homens à sua maneira); começam com o mau feitio, etc.
A ideia geral que vos quero passar é que a partir do momento em que tomam o(a) parceiro(a) como garantido, vem à baila todo o repertório de defeitos que estavam, até à data, dissimulados. Pessoas há que chegam ao ponto de fazer frete e ir com o seu/sua novo(a) namorado(a) a sítios que abomina só para parecer bem e fazer a vontade.
Será que tenho mesmo a necessidade de vos dizer o quão fora do sério estes comportamentos e atitudes me deixam?!
POR QUÊ?! Por que é que as pessoas são assim?! Por que é que não são fiéis a elas mesmas e mostram o que realmente são?!
Se o fizessem, não tinham depois a necessidade de serem confrontadas com tão súbitas mudanças no(a) parceiro(a). Depois vêm as conversas do: "ele/ela não era assim antes".
Amigos: eram! Aliás, são! Simplesmente, não mostraram. Não foram coerentes, nem correctos.
Não devemos deixar de ser quem somos para agradar a quem quer que seja. Ainda que o consigamos fazer de início, é impossível manter a fachada a título permanente.
E todas e quaisquer mudanças que se operem nas nossas pessoas (porque todos mudamos. A imutabilidade é sinal de ignorância), são fruto da nossa mais profunda introspecção e decisão. Processos estes só por nós controláveis. Ainda que possamos mudar por motivações externas, a mudança, em ocorrendo, é um processo muito próprio e só possível com determinação pessoal objectiva.
Por isso, não caiam no erro de pensar que podem mudar alguém. Há, de facto, pessoas influenciáveis e que parecem deixar-se mudar. Mas essas pessoas não têm personalidade. São camaleónicas. Adaptam-se ao ambiente que as acolhe. E será que alguém quer partilhar a vida com uma pessoa sem identidade, personalidade, carácter próprios?!
Enfim... Mais uma das coisas que implicam com a minha pessoa e que no fundo vão sempre ao encontro do mesmo assunto: o desconhecimento do ser humano em relação à sua própria pessoa e da imposição de regras que, em sociedade, limitam o verdadeiro ser que há em cada um de nós.
Alguns conseguem seguir caminho nesta selva, marcando a diferença. Outros, camuflam-se e vivem escondidos na esperança de sobreviver sem grandes testes às suas capacidades de sobrevivência.
Mas o que nós queremos é viver, certo?! Ou querem fazer parte dos que sobrevivem?!
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