Não sei o que se passa com esta gente. Ou entrou tudo de férias ou entraram todos na balda. Nesta aula ficámos reduzidos a quatro pessoas, os assíduos. Além destes (onde estou obviamente incluída), apareceu um casal para experimentar a aula a ver se gostavam para começarem no próximo ano lectivo (Setembro) e depois de começarmos a aula, ainda apareceu um outro casal que faz parte da turma, mas que tem faltado ultimamente.
Eu achei isso deveras deprimente. Onde se meteu aquela gente toda?! Não que não aprendamos na mesma com a sala quase vazia, mas eu acho sempre muito mais interessante termos a sala bem recheada.
Enfim... A professora TM deu uma aula de introdução ao nível intermédio onde tivémos a oportunidade de aprender a alternar os passos paralelos com os cruzados. Diga-se de passagem que esta aula foi mais para os homens, uma vez que o papel da mulher é só ser conduzida e fazer os passos dela sem se importar com os do homem. O papel do homem, como a TM frisou é deixar a mulher sempre confortável (onde não a pisar é um excelente índice de conforto), divertida (não aborrecer a mulher com a inexistência de passos) e acima de tudo, manter a mulher sempre na sua posição mais elegante.
O papel da mulher é deixar o poder absoluto nas mãos do homem, fazendo com que a responsabilidade assente TODA neles. Quando uma mulher não consegue interpretar os comandos do parceiro e não executa os passos pretendidos, a responsabilidade é unica e exclusivamente do cavalheiro.
Escusado é dizer (até porque já o disse noutros posts) que esta submissão TOTAL é uma carga de trabalhos para mim. Mas ao contrário do que possam pensar, não é mau para mim por eu gostar sempre de mandar (gosto, mas não é aqui o caso).
É complicado para mim, porque eu estou a levar aquilo a sério e os meus colegas estão a levar aquilo numa de se divertirem e passarem tempo. E eu acho que estou, ainda que aos poucos, a ultrapassá-los quanto mais não seja, diferindo do objectivo deles.
Começo já a ter uma melhor noção da musicalidade e do ritmo e isso faz com que eu, por exemplo, só consiga mexer-me quando sinto na música ser a altura certa. As dicas preciosas dos professores e que eu absorvo qual esponja sedenta, fazem-me ter já uma noção de eixo e peso mais precisas. E acreditem ou não, mas quando dançamos com quem sabe e percebe da coisa, como é o caso dos professores, a tal entrega total da submissão é excelente. E eu tenho feito por, de alguma forma, passar isso aos colegas que costumam fazer par comigo.
Acontece que eles estão demasiado ocupados com os passos a executar para ainda terem de se preocupar em comandar a senhora e eu, fazendo o que me foi ensinado, simplesmente não me mexo enquanto não me sentir comandada. Ora, daqui a nada as minhas aulas passarão a ser uma guerra aberta com os meus colegas e é óbvio que eu não quero isso.
Um dos meus pares, diz-me que eu posso "mandar" (leia-se conduzir) à vontade que ele não se importa. Mas importo-me eu! Porque nem ele aprende, nem eu!
Como esse meu par de dança se "queixou" à TM que eu dizia não sentir os comandos dele, ela sugeriu-nos um exercício que consistia em os homens dançarem de mãos atrás das costas e as mulheres agrarrarem-se aos ombros deles, uma vez que é o tronco que tem de conduzir, sendo os braços uma simples extensão do tronco, tal como o são as pernas. Penso que desta forma, os homens conseguiram perceber um bocadinho melhor a tarefa que têm em cima. Que é complicada, não duvidem, mas necessária se queremos fazer o Tango bem.
Dali, seguimos para a aula prática com o professor AN e eu e o colega que me acompanhou continuámos numa de "medir forças". Eu queria que ele conduzisse e acho que ele estava já a atrofiar não só com ele próprio, mas já comigo também.
Entretanto o AN demostrou-lhe uns passos comigo que, segundo ele lhe abriram mais o leque de oportunidades e que ele confessou-me terem-lhe dado uma visão mais abrangente do Tango, uma vez que desde a Noite Argentina de Tango, que ele estava um bocado frustrado.
O AN, por incrível que pareça, deu uma pisadela BRUTAL e praticamente tenho um bruraco no peito do pé direito. E não! Não foi ele que se enganou (apesar de errar ser humano até para um profissional) e nem fui eu que pus o pé onde não devia. Ele estava era a querer demonstrar uma forma de execução de passos que não se devia fazer e esqueceu-se de mo informar. Ou seja, eu fiz bem e ele fez mal propositadamente para mostrar ao colega. Resultado: quase fiquei sem pé.
Ensinou-me também dois passos de Tango Nuevo que segundo o AN "merecem um jantar pago" e que pertencem ao nível intermédio. Fazem parte do grupo das soltadas (já aprendemos algumas com a TM) e das volcadas (este ainda não aprendemos) e que dão uma beleza extraordinária ao Tango.
(Ah! E agora que me lembro, a TM ensinou-nos também, nesta última aula, como executar uma colgada à americana. Mariquices. LOL!)
As volcadas, apesar de toda a beleza que passam ao público, são complexas tecnicamente falando (que novidade!) e exigem uma postura mais técnica e precisa e que, naturalmente, ainda não alcancei. De qualquer maneira, fi-lo bem à primeira (apesar de necessitar ser limado, CLARO), o que me deixou bastante orgulhosa de mim própria.
O AN continua a dizer-me que está "de olho em mim" e a TM esta aula disse-me também que eu estava de parabéns, uma vez que consigo manter o meu eixo e executar sozinha sem mesa (apoio por parte do parceiro), passos que assim o requerem.
Entretanto cheguei também a algumas conclusões que serão postas em prática com afinco a partir de Setembro. Não posso continuar a dançar de sapatos normais (já tinha dito) e vou no mês de Agosto, enquanto a escola está fechada, investir na compra de uns sapatos bons e confortáveis de dança. E não dá para continuar a dançar de calças. Ou pelo menos, calças de ganga. Ou passo a usar calças de fato de treino (o que odeio) ou passo a ter de usar calças mais fluidas. Em última instância, terei de dançar de saias (eu não disse isto, ok?).
É que é impossível executar com rigor técnico e perfeição certos passos em que preciso de liberdade nas pernas e onde não posso, de TODO, ter roupa que me restrinja os movimentos.
Parece que as pernas que tanto desgosto, têm uma sentença em cima e que não as permitirá estar em clausura por muito mais tempo. :(
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