Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Cirurgia Estética

Quem de nós já não sonhou, fantasiou, idealizou o fanfástico que seria remodelar esta ou aquela parte de nós que, por qualquer motivo, não apreciamos sobremaneira?!

Sejam honestos, vá! Ninguém gosta de absolutamente tudo em si. Podemos até gostar do conjunto e apreciar o que vemos reflectido no espelho, mas daí a dizermos que o nosso todo é magnífico... Acho que nem aqueles que magníficos parecem aos nossos olhos, o dirão.

A verdade é que cada vez mais nos preocupamos com a beleza do nosso físico. Queremos prolongar a juventude e nesse sentido, cuidamos do que comemos, fazemos exercício, usamos cremes que retardam sinais de envelhecimento, procuramos actividades que revitalizem corpo e mente... E até já o culto da massagem e spa pertence à classe dita média em vez de ser um capricho exclusivo dos mais abastados.

Valorizamos o nosso aspecto e a saúde que o nosso corpo transmite e procuramos estar e ser o nosso melhor.
É aqui que a cirurgia estética está a ganhar terreno. Nesta nossa nova obsessão em ter corpos perfeitos ou pelo menos, melhorados.
A problemática está que esta questão está a ultrapassar o nível do razoável e do bom senso.

Eu até compreendo que há pessoas que realmente necessitam de uma intervenção desse género e digo mais, existem pessoas que são seriamente afectadas tanto a nível psicológico, como físico por problemas graves e que infelizmente em Portugal não têm o devido acompanhamento. Acho que nessas situações, o Estado devia após análise detalhada, dar a atenção necessária, comparticipando com as despesas que estas operações acarretam. Mas enfim... É o país que temos.

Agora há pessoas que só podem estar mesmo loucas. Vi ontem nas notícias da noite, que existem mulheres que estão a optar por retirar os seios saudáveis (mastectomia profilática) apresentando como razão uma medida radical de prevenção contra cancro de mama. E isto foi notícia, porque os médicos perceberam que afinal a razão que estava por detrás de tal decisão se devia à insatisfação dessas mulheres com os seus seios. Como a razão oficial seria cancro, o Estado comparticipa a colocação de próteses e elas felizes e contentes.

Estas senhoras deviam era ser seguidas por um psiquiatra. Isto não é nem pode ser encarado de ânimo leve como se nada fosse que não mais um esquema fraudulento para enganar o Estado. Estamos a falar de saúde. E a saúde mental destas senhoras não é de todo saudável.

Sabem que mais? O ser humano é um eterno insatisfeito e ainda que fosse a pessoa mais perfeita à superfície terrestre iria continuar a encontrar defeitos. Faz parte da natureza humana.
Compreendo e acho bem que quem possa, procure formas e métodos de melhorar o seu aspecto, mas endividarem-se, ganharem depressões ou tomarem atitudes radicais por coisas que muitas vezes é só e apenas a sua insegurança a falar, não! Assim não!

Cada um é como é e felizmente não somos todos iguais. Como seres individuais que somos, também os nossos gostos são diferentes e ainda bem que assim é. Acima de tudo, é importante aceitarmo-nos como somos, ainda que possamos reconhecer as coisas que gostamos menos em nós, sem fazer disso um drama ou trauma e compreendendo que o todo é que interessa.

Os nossos pequenos defeitos são o que nos dá personalidade e carácter. Alterar algum traço nosso requer boa estrutura mental e objectivos realistas. Não é algo que se faça porque sim ou para fugir da rotina. Sendo que há quem deposite nesse tipo de procedimentos expectativas surreais e depois saia gorado.

Muitas vezes o que nós não gostamos não está propriamente ao alcance de um bisturi. Mas como temos de arranjar um "bode expiatório", focamos a nossa atenção naquela característica menos apelativa  e assim faremos sucessivamente até que nos apercebamos que o que precisamos ver melhorado, transformado e aperfeiçoado reside, nada mais nada menos que, no nosso interior.

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