Quatro casais em diferentes faixas etárias, com diferente número de anos de casados que, aparentemente de um momento para o outro, decidiram acabar com a relação que tinham.
Em duas situações, eles foram viver com outras mulheres. Numa situação, foi comum acordo e numa outra, foi puro abandono. Além de abandono, foi a meu entender a situação mais complicada das acima descritas.
Explicando: após três anos de tratamentos de fertilidade por parte deste casal na tentativa de aumentarem a família, nada parecia tornar esse desejo possível. Desistiram dos tratamentos e, como sempre, após esta decisão eis que a gravidez acontece. Ela vai contar ao marido a feliz notícia e ele diz-lhe que ainda bem que o aborto é legal, porque é a oportunidade ideal de o praticar já que vai deixá-la. E deixou mesmo. Fez as malas ainda nesse dia e desapareceu do mapa.
Há que convir que o timming foi péssimo e a sensibilidade e repeito pela outra pessoa eram inexistentes, mas comentários à parte... O que eu acho é que não se deve criticar. Ao contrário do que possa parecer à partida, essas decisões não se tomam de ânimo leve. Ninguém decide do nada acabar com uma vida conjunta, já com filhos em alguns casos, porque acordou com a telha nesse dia. (Falando de pessoas mentalmente sãs.)
Esse tipo de decisões que podem parecer abruptas, têm vindo a ser arquitectadas há já longo tempo dentro da cabeça dos protagonistas e eu acho que requerem muita coragem.
Ter uma vida toda ela programada, orientada e decidir-se acabar e alterar tudo requer mesmo muita coragem.
E acima de tudo, requer coragem porque o mundo parece virar todo contra essas pessoas. Família (mesmos os pais e irmãos) e amigos (os melhores amigos) são os primeiros a atirar a pedra.
É saber-se sozinho contra tudo e todos e optar por viver com a sua própria consciência e seguir o caminho que eles entenderem levá-los à felicidade.
E não é o que queremos todos afinal... Ser felizes?
Estas pessoas apenas se limitaram a agarrar na vida e vivê-la ao invés de seguirem o caminho da hipocrisia, da falsidade e manterem uma vida infeliz nas relações que tinham em prol de um qualquer bem maior. Não há bem maior que a nossa paz de espírito e às tantas é só estar-se a adiar o inadiável e a evitar o inevitável.
1 comentário:
So true... Às vezes não há alternativa, não vale a pena remediar o que não tem remédio.
E de facto não se deve criticar alguém só porque tentou encontrar um novo rumo à sua vida. Mas acredito que se deve criticar sim quando a forma como deu um rumo prejudicou a outra pessoa. Atenção! Não sou da opinião que devemos continuar a fingir que estamos felizes, e promover essa situação quando ela é uma mentira! Nada disso! Nem estou a falar de pôr paninhos quentes!
Acredito que tudo deve ter como base o respeito pela outra pessoa! Quando respeitamos a(s) outra(s) pessoa(s) podemos exigir o respeito! O pior é quando deixamos de respeitar! Isso sim deve ser criticado!
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