Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Em Estado Introspectivo

Ontem ao fazer o caminho de volta a casa depois de mais um dia de trabalho, vi algo que me fez sentir mal comigo mesma. E é (muito) raro eu sentir-me mal comigo mesma. Tendo a sentir-me mal com tudo, todos, com ninguém em particular e com todos no geral, mas comigo... Não!

Antes de vos explicar o que vi, deixem-me dizer-vos que os últimos tempos têm sido deveras difíceis. Aos que me conhecem pessoalmente, sabem o que quero dizer. Aos de vós que só me lêem aqui, devem ter reparado que os meus posts são mais espaçados e que quando acontecem, parecem um interminável rol de queixumes.

Não quero ser esse tipo de pessoa. A pessoa que passa a vida a queixar-se e que parece (só parece) não dar valor ao que de realmente tem de bom na vida. Porque tenho, atenção! Simplesmente, as coisas boas que existem (felizmente) não têm sido capazes de superar as menos boas. Também não direi más, porque seria mentira.

Tenho saúde, a minha família, amigos... Em suma todas as pessoas que amo têm saúde, empregos e têm aquilo a que se pode designar de uma vida "normal".

No entanto, a nível intrínseco, emocional e psicológico, ando desgastada para lá de qualquer significado tangível de desgaste.

Sinto-me constantemente cansada, desmotivada e triste. Tenho vivido o último mês como se me estivesse a observar de cima. Como se não habitasse o meu corpo e me limitasse a pairar sobre a minha vida. No fundo, criei um escape para não me sentir na minha própria pele e desabar de vez.

Gostava de vos explicar detalhadamente o que é que se passa comigo para eu me sentir assim, mas honestamente não é algo que eu consiga pôr em palavras. É algo que sinto dentro de mim e que chega a ser maior que eu.

Sei apenas que me sinto farta! Cansada... Tão cansada!

E afinal o que vi eu, perguntam vocês?!

Vi uma menina que não teria mais de 10 anos que, sob o olhar atento de um adulto uns passos atrás (julgo que avô), tacteava à procura da campainha à porta de um prédio. So far, so good, pensam vocês...

... A menina era cega. E pareceu-me que há pouco tempo, dada a forma como manejava a bengala (peço desculpa se existe melhor termo, mas desconheço) e a maneira como estava desesperada à procura da campainha certa para tocar à porta.

A escola ficava a uns meros 100 metros e deu-me a sensação que o avô foi buscar a menina sem ela saber e que a acompanhava a curta distância, numa de ela aprender a desenrascar-se sozinha.

Até posso ter feito o filme todo ao contrário e a menina estar nervosa por se ter sentido perseguida por um velho pedófilo... Mas não deixava de ser igualmente mau (ainda que de maneiras totalmente opostas) e eu não deixei de me sentir mal.

As lágrimas escorreram-me automaticamente cara abaixo e pus-me a pensar que não devia queixar-me tanto, quando há pessoas e crianças que são umas vítimas deste sistema e que essas sim, passam verdadeiramente mal.

Pus-me a pensar o que é que o meu queixume diz de mim?! Que tipo de pessoa faz de mim?!

E quando entro em luta, contradição comigo mesma... Nunca é positivo!

3 comentários:

Anónimo disse...

Cara Requintes
Comprrendo o que diz. Há momentos em que a nossa vida transcorre, quase obrigatóriamente, em "piloto automático" tanto é o cansaço e muitas vezes a depressão que acarreta.
No entanto já reparou que atravessa um grande periodo de stress?
De acordo com estudos em psicologia, depois de viuvez ou divórcio, a mudança de emprego é o 2º factor de maior stress.

Dito isto, acho até que tem mostrado que é uma mulher de armas!
Be easy on yourself!
Ana F.

MM disse...

Bom dia Cara Ana F.

Tem sido incansável ao tentar dar-me força e animar-me. Muito obrigada por isso.

É verdade! Ando mesmo embrulhada (é o termo) no stress... Mas isto há-de passar e assentar. Espero!

Espero também que esteja bem!

Vá aparecendo!

Beijinhos!

DM disse...

Olá MMs,

vou-te dizer aquilo que digo muitas vezes a mim mesma, mas que é mais fácildizer do que fazer. Não sejas tão dura contigo mesma. Estás a trabalhar a um ritmo completamente diferente, longe das pessoas que para além de colegas já eram amigas. Foi uma mudança drástica, é normal que te sintas cansada, exausta e com falta de algo.
Devia ter uns 18 anos quando fui pela primeira vez à Casa do Bom Samaritano em Fátima, aqui vês pessoas com problemas que cortam, despedaçam o coração e te fazem sentir mal porque tens tudo e não és feliz. Eles têm um sorriso, uma festa, uma abraço e salvo raras excepções não vês traços de tristeza no sorriso deles. Voltei lá uma segunda vez, depois não consegui mais.
Tens tudo em ti para ser feliz, só precisas de te dar espaço a ti mesma e aprender a dar a volta devagar(fala o roto para o nu:P). Just dont give up, that´s the easy way out.

Beijo, conta comigo DM