Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Palavras

Uma das razões que me levou a criar este blog, foi a de poder exorcizar de alguma forma os meus conflitos mentais qual catarse. Poder despejar para ninguém em particular e para todos no geral, os meus pensamentos e coisas que não posso de bom senso fazer e deitar cá para fora senão em meras palavras.

E se bem que me tem ajudado, percebi que nem isso é assim tão linear. Há coisas que definitivamente não podem ser verbalizadas sobre que forma for.

Há coisas que pertecem ao foro íntimo de tal maneira, que qualquer exposição (por mais pequena ou vaga que seja), pode perturbar o que já não é firme. Além de que ver certas coisas escritas dá um certo carácter de definição e conclusão que nem sempre é o que precisamos ou procuramos.

Acho que é esse o príncipio das chamadas listas, por exemplo. Fazer uma lista das coisas que queremos ser ou alcançar, faz com que as coisas passem a ser reais. As palavras escritas dão peso, valor. E por vezes se ao lidarmos com elas na nossa cabeça, já não corre tão bem... Vê-las ganhar vida pode ser deveras devastador.

Para mim, é! Mas eu também dou muito valor à palavra. Dou peso ao que é dito e escrito, porque sou de palavra e sei bem o que isso significa para mim. Pensando que com os outros poderá passar-se o mesmo, vezes há em que temo o que me possa ser dito ou escrito.

Sou daquelas pessoas que tem bastante cuidado com as palavras. Para não ofender, magoar, para não me expôr, para não cair em falsas premissas, etc...

Serão todas as pessoas assim?! Não sei! Mas por eu o ser, todo o cuidado é pouco.

E é sobre palavras que vos escrevo hoje.

Palavras que são ditas sem se pensar... Palavras deitadas ao vento; palavras sussurradas entre amantes; palavras animadas entre amigos; palavras jogadas fora entre lágrimas; palavras gritadas no desespero; palavras caladas na solidão; palavras perdidas na tristeza; palavras insensatas no calor da discussão; palavras mortas quando já nada vale a pena dizer; palavras duras quando queremos marcar posição; palavras doces para acarinhar; palavras meigas para confortar; palavras ritmadas para cantar; palavras vãs só por falar...

PALAVRAS!

O que éramos nós sem elas?!

Dêem valor às palavras. As palavras podem até mesmo matar.

Usem-nas com moderação, pois poderá chegar o dia em que as palavras poderão simplesmente... Perder o seu significado...

2 comentários:

DM disse...

Está forte:"As palavras podem até mesmo matar(...)Perder o seu significado"!

Por isso hesito sempre antes de criar um blog, ao pormos o pensamento em palavras ele concretiza-se, torna-se ainda mais real, deixa de estar só na nossa cabeça e das duas uma ou mata ou é mais um churro de palavras que utilizamos, desprovidas de sentido e que nos deixam insatisfeitas porque não conseguem exprimir a 100% o que se passa em nós.

Gostei do post:)

Beijo DM

Sweet Villain disse...

Criei o meu blog pelo mesmo motivo: exorcizar os meus disparates. Apesar de ser um blog é uma partilha de ideias e pensamentos entre o eu racional e o eu emocional.

Parece estranho, mas é verdade. As palavras obrigam-nos a ser práticos. A confrontar ideias e sentimentos. Tantas vezes me acontece dizer o que me vai na alma e depois achar que não passam de pensamentos disparatados.

O blog ajudou-me a superar alguns momentos menos bons. Porque depois de escrever vejo que são situações que têm pouca importância.

Tens razão quando dizes que as palavras matam, mas por vezes precisas de morrer para depois renascer das cinzas... :) (eu sei, muito rebuscado).

As palavras por vezes magoam, e dei por mim a censurar-me várias vezes para não magoar alguém. Mas será que isso é bom? Se calhar não... Antes palavras soltas, que palavras encurraladas que teimam a queimar-nos por dentro.

Não julgo que a palavra possa ser vazia de significado, porque mesmo quando assim parece tem sempre um sentido associado.

A palavra é um confronto directo, uma provocação, entre nós próprios ou entre nós e alguém.