Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Eternidade

O mundo ruiu lá fora.
O caos instalou-se.

As almas vagueiam perdidas... Deambulam pelos escombros à procura de algo com que se possam identificar.
Na realidade, o mundo lá fora já não existe.
São vultos, sombras, espectros que se passeiam numa já acostumada rotina.

O ar já não se respira lá fora.
Já nada subsiste lá fora.
E eu, estou queda e estranhamente tranquila a observar o fim do mundo.
Observo estes monstros mutantes que me atravessam e ignoram a minha cansada existência.

Na verdade, faço parte das ruínas... Daí eles não me distinguirem.
Avançam contra mim, sem dó nem piedade e não se apercebem que apesar de morta, me continuam a magoar.

A crueldade respira-se... O oxigénio, já não!
Acabou, morreu com toda a esperança e fé que de nada serviram aos corpos abandonados e saturados de maus tratos e que agora apenas jazem como monumentos de triunfo de um tempo que já foi.
E eu, assisto a este limbo de forma lucidamente insana.

Devia gritar. Devia agitar estes corvos que se alimentam como abutres do despojar de sentimentos humanos... Mas os meus braços são pedra.
Estou presa ao chão, mas o chão não existe... São as minhas pernas que se perderam no betão frio e infinito e que em plena comunhão deixaram de ter força de vontade para caminhar.
Incapaz de me mover, resta-me observar o que um dia teve luz e brilho e que agora não passa de um vazio escuro e sombrio.

Os meus olhos... Não têm pálpebras! Quero fechá-los, mas não posso. Quero chorar, porque já não quero mais viver meio-morta, porque já não aguento ser atormentada dia e noite por criaturas vis e maléficas... Mas não tenho lágrimas.
Secaram juntamente com o sangue que me corria nas veias e culminaram no meu coração gélido que já perdeu a capacidade de amar.

O amor era o meu sangue e o meu oxigénio... Mas o amor findou.
Agora apenas me resta a eternidade... Mas a eternidade não é, nem nunca será suficiente para acabar com este sentimento de perda.

E o "para sempre"... Ficará eternizado em mim num espaço onde só habita a dor.

2 comentários:

Pedro Pisco disse...

Excelente!!!

MM disse...

Olá Pedro!

Foi só um desabafo de alma... Mas obrigada!