Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sobre o Dia de Ontem

Um dia terrível!

Estive em estado mute todo o dia. Por dentro sentia-me rebentar. Tremia dos pés à cabeça, estava gelada, mas escorria suor, o coração batia descontroladamente... Uma autêntica crise de ansiedade. Exteriormente, parecia um vegetal. Sem emoções, reacções ou expressões aparentes.

Tive consulta de urgência às 17h15 e assim que entrei no consultório médico e a médica começou a puxar por mim... Chorei compulsivamente, tremi, solucei, tenho a certeza que me ranhosei e babei toda, desabafei e extravasei completamente.

Tive uma conversa bastante elucidativa com a Doutora. Explicou-me um pouco mais sobre a doença Depressão e tentou fazer-me compreender que, apesar de estar a passar por uma, continuo com os meus próprios preconceitos pessoais em relação ao tema.

Que tenho de encarar esta doença como tal e confiar nos médicos, terapêuticas e psicoterapia e acreditar que tudo isso em conjunto com o apoio familiar e dos amigos, me irá ajudar a ultrapassar esta fase má da minha vida e ficar curada.

Eu que, apesar de tomar a medicação toda certinha, olhava para cada comprimido como uma anunciada sentença de morte, percebi que o objectivo dos comprimidos não é deixarem-me grogue, ou anestesiar a minha dor, revolta e problemas e muito menos porem-me a ver o mundo cor-de-rosa aos coraçõezinhos.

Explicou-me que assim como uma pessoa com gripe está descompensada de vitamina c, ou uma pessoa com anemia precisa de ferro, um diabético de insulina, etc... Eu preciso de medicação que colmate as lacunas que o meu organismo não está a conseguir produzir/fabricar.

Sim! Estou descompensada!

É uma palavra horrível e odiei ouvir isso. Mas como a médica também disse, eu tenho a motivação, força de vontade e inteligência suficientes para compreender o que ela quis dizer e fazer por interiorizar isso mesmo e tratar de mim, sem condenações ou pressões da minha própria pessoa.

Disse-me para eliminar dia-a-dia as agressões externas (já que as internas são a minha grande batalha e as que requerem especial acompanhamento médico) e viver um dia de cada vez. Passinhos curtos.

Que preciso ter a consiciência que apesar de ser uma doença "invisível" que é para ser encarada com a seriedade e gravidade que tem. Não a relativizar e aprender a ler e a respeitar os sinais que o meu corpo me dá.

Que será um processo longo, mas que isso não faz de mim uma pessoa incapaz, insuficiente, insana ou diminuída em nenhum aspecto. Faz-me doente. PONTO!

Gostei da conversa. Fiquei a sentir-me melhor.

Tenho baixa médica de um mês e hoje fui falar com os meus patrões que foram absolutamente excepcionais.
Deram-me todo o apoio e disseram que esperam por mim, pois eu dei prova das minhas qualidades, competências e profissionalismo neste curto tempo em que lá estou a trabalhar e que têm a noção de que não encontram alguém como eu facilmente.

Que têm confiança em mim e nas minhas competências e que problemas toda a gente tem e que agora tenho de parar e pensar em pôr-me boa. E que no fim, estarão lá à minha espera, sem pressões, devagarinho para me ajudarem a entrar novamente na rotina.

É preciso palavras?

Isto não existe em lado nenhum! Tenho essa noção. Essa consciência. E saber que não corro o risco de perder o meu emprego, tirou-me um peso GIGANTE de cima.

Agora é tirar tempo para mim, dar tempo à medicação e à psicoterapia e esperar pelo melhor.

Conto com a ajuda incansável e louvável da minha família, dos meus extraordinários amigos, que são o tesouro mais precioso que tenho e agora também, conto com o apoio dos meus patrões.

Razões e factores por si só, mais que motivadores para sair do buraco infernal que tenho vivido chamado Depressão.

Há quem não tenha nada de bom na vida... Eu tenho família. Temos os nossos problemas?! Claro! Imensos! Como todas as famílias. Mas essas discussões e conflitos querem dizer que tenho uma família que se preocupa e ama acima de tudo.

Tenho amigos EXCELENTES! Não me canso de dizê-lo. São como se fossem meu sangue. Se não nos chateamos ou desiludimos uns aos outros?! Obviamente! Mas isso quer dizer que nos amamos e queremos o mellhor para cada um de nós. E verdadeiro amigo é aquele que diz as verdades e não o que nos passa a "mão no pêlo" e faz as vontades.

Que o meu recente trabalho tem características negativas?! Com certeza! Mas tenho patrões humanos, com bons sentimentos, que gostam de mim, dão-me valor e reconhecem as minhas competências... E isso hoje em dia é raríssimo.

Tenho consciência de tudo isto e é também por eu saber tudo o que acabei de escrever acima, que tenho a certeza que vou ultrapassar esta doença.

Até lá, continuarei aqui para vós e para mim mesma, com as minhas opiniões, devaneios e comentários sobre livros e cinema... Porque a vida continua e eu estou viva!

Boa 4ªf!

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