Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Bad Monday

Devem ter percebido pela minha "ausência" no blog que alguma coisa teria acontecido.

Aconteceu!

Posso oficialmente dizer que a minha depressão regrediu uns graus, degraus, níveis, o que lhe queiram chamar.

Sabem como é que eu sei isso?!

Além do facto óbvio do médico ter-me prescrito outros comprimidos para dormir, uma vez que os anteriores tinham deixado de fazer efeito e faziam-me ter umas noites de PURA insanidade, ontem tive uma crise de choro compulsivo em frente ao meu patrão! Exacto! Mau?! PÉSSIMO!

Nunca me senti tão descontrolada. Nunca fui de mostrar as minhas fragilidades a ninguém, nem sequer expôr os meus problemas e dei por mim naquela triste figura.

Choro compulsivo, com direito a soluços, rímel a escorrer-me cara abaixo... Enfim! Todo o pacote completo de degredo.

E perguntam-me vocês se estava a "levar nas orelhas" ou a ter algum momento de tensão com o meu patrão?!

Não! Aliás, ele estava a elogiar o meu bom trabalho, desempenho, competência e profissionalismo neste pouco tempo de trabalho e eu, simplesmente, não achei merecer esses elogios. Não por que não seja verdade (que é), mas por que o esforço que tenho de fazer para me manter concentrada e não cometer erros, o esforço que faço para ir trabalhar diariamente e fazer o mesmo percurso e levar com o barulho insuportável de Lisboa e os aviões que aterram de três em três minutos que quase roçam com as rodas no edifício, fazendo-o estremecer... O esforço surreal que faço por ouvir vozes e ter de mexer os maxilares e a língua para falar, tem estado a consumir-me e a levar-me à insanidade!

Senti ódio, raiva de mim mesma por me sentir assim e não poder corresponder ao que o meu patrão estava a dizer com um "obrigada, também estou a gostar muito de trabalhar aqui".

Obviamente que o homem mandou-me para casa. Entrou em completo estado de pânico ao ver-me naquele deprimente estado.

Passei o dia na cama (este triste episódio foi logo às 09h30 da manhã) e a exaustão e pressão psicológica que tenho dentro de mim é tanta que me levou a chegar à conclusão (dolorosa) de que preciso mesmo parar.

Se continuar assim, vou começar a ter pensamentos suicidas. Pela primeira vez neste período de tempo, sinto vontade de me isolar. Não ver ninguém, não falar com ninguém... E a pressão que exerço sobre mim mesma, porque quero sair deste buraco infernal que é a minha mente, está a fazer-me regredir.

Sinto-me lúcida, lógica e racional... Mas quando os meus amigos e família, que têm sido incansáveis e têm estado cá para mim incondiconalmente, me querem levantar o moral e incentivar-me, sinto-me sufocada.

Tanto amor, preocupação e carinho estão a suforcar-me! E atenção, não me estou a queixar.
Há quem não tenha um amigo na vida e eu tenho uma mão cheia deles, daqueles que é como se fossem sangue do meu sangue. O orgulho que eu tenho neles e em tê-los é algo demasiado incomensurável para ser descrito.

Simplesmente, e apesar de eu compreender a totalidade do que me é dito, a minha cabeça não consegue pegar nesses conselhos, dicas, palavras de força e incentivo e harmonizá-los. Tirar uma conclusão coerente.
Sinto-me aprisionada dentro da minha mente. Quero fazer as coisas de uma determinada maneira, mas o meu corpo não corresponde. É completamente INSANO!

Se tenho motivação para sair desta situação?! Em demasia. O meu psicólogo diz que me pressiono além dos meus limites.

Eu NUNCA me imaginei nesta situação. Sou tão forte que caí na ilusão da invulnerabilidade e agora... Aqui estou eu... Com medos, com fobias.

... Por que não quero ficar dependente da medicação o resto da minha vida;
... Por que quero sair rapidamente desta prisão mental infernal;
... Por que temo perder o meu (recente) emprego;
... Por que sei que o mercado de trabalho está uma autêntica me***;
... Por que não quero ser mais um número no fundo desemprego;
... Por que temo o meu futuro;
... Por que... É sempre assim! Um rol incessante de questões.

A única certeza que eu tenho neste momento na minha vida é que, EU NÃO SEI NADA e o problema está que não me encontro em condições de querer saber...

2 comentários:

Anónimo disse...

Requintes:
Eu disse que era dificil...embora não impossível.
Os conselhos que nos dão, por boas intensões que tenham, apenas servem em certas fases, para nos fazer mais impotentes perante a depressão.
O corpo não parece responder ao amor com que nos tratam,não parece que o facto de querer "sair dessa" é algo bastante para o consiguirmos fazer...como se algo desautorizasse gélidamente a nossa "vontade".
É horrível. Mete medo.
Mas esse algo tem um nome e É uma doença.
Como doença tem altos e baixos.
Sabe-lo e interiorizar isto faz parte da cura...creio.
Boas melhoras
Ana F.

MM disse...

Cara Ana F.

Tem sido incansável! Sempre uma palavra amiga, um conselho sincero... E nem sequer me conhece!

Sinto-me privilegiada por ter uma leitora como a Ana.

Agradeço-lhe de coração!

Os meus médicos dizem-me isso mesmo: que é uma doença. Que a tenho de aceitar como tal, sabendo que essa doença não me diminui em nenhum aspecto.

Se é difícil?! MUITO! E, posso estar errada, mas a Ana parece-me falar com conhecimento de causa.

Impossível?! Não quero de TODO cair na tentação (fácil) de pensar que o seja.

"Um dia de cada vez, sem pressões!" - É a expressão que mais ouço e a que já praticamente repito qual mantra.

Obrigada pelas melhoras que me deseja.

Tudo de EXCELENTE para si, Ana.
Tenho em crer que é uma pessoa (das poucas, pelo que vivencio)que o merece.

Beijinhos!