Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Esclarecendo a Questão Depressão

Ninguém me pediu esclarecimentos. Ninguém me está a tratar de forma diferente por saberem (os poucos da minha esfera pessoal e familiar que sabem) que estou a fazer tatamento para uma depressão.

Estou a tomar a iniciativa de escrever aqui sobre alguns aspectos, porque acho que é importante entender-se as coisas como elas são e não se tomarem atitudes ou ter-se pensamentos errados e, talvez até, preconceituosos.

Que me foi diagnosticada uma depressão? Foi!

Mas isso não quis dizer que eu deixasse de ter prazer em me arranjar, como sempre tive e sempre o fiz. Continuo a arranjar o meu cabelo, a maquilhar-me todos os dias antes de sair de casa (até por que o faço desde os 14 anos e recuso-me a sair de casa de "cara lavada"), continuo a ter a manicure e pedicure em dia (mesmo com as unhas pintadas nos tons da moda e que se adequam à estação do ano), continuo a vestir vermelho (que é uma cor que adoro), continuo a ouvir música e a cantar, continuo a encontrar-me com os meus amigos e a sair e sim! Continuo a ter desejo sexual e a fazer sexo.

Não é por estar com uma depressão que deixei de ter amor próprio e auto-estima, que passei a andar vestida de preto integral (que by the way, também adoro), que passei a ser soturna, que não esboço um sorriso ou não dou uma gargalhada.

Não sou uma depressivo-suícida que tem vontade de morrer ou tem vontade de atentar contra a própria vida.

Que os há? Há! Mas cada caso é um caso e não devemos generalizar.

Continuo a ser eu mesma, aliás melhor. Sinto-me mais serena, mais meiga, mais pacífica, tenho mais paciência para ouvir as pessoas, sem estar a fazer um esforço interior surreal para não me levantar e virar costas ou fazer como as crianças e tapar os ouvidos. Tenho mais vontade de acarinhar as pessoas que amo, preocupo-me mais com o bem estar de quem me rodeia. Em suma, sinto-me eu mas um EU melhorado.

Se estou "curada"?! Longe disso. Senão isto era mais medicação efeito placebo que outra coisa. Estes processos levam tempo. Muito tempo, aliás.

Só a título de exemplo, agora dou por mim a ter paranóias. Há duas noites atrás meti na cabeça que me tinham roubado o carro. Acreditem que manter-me na cama e convencer-me que era pancada da minha cabeça, deu-me muito mais trabalho que dar vazão à paranóia e ir à janela verificar se o carro lá estava. Se o fiz?! Não! Tenho de lutar contra este tipo de pensamentos, não posso jogar a favor da minha perturbada mente.

Se é fácil?! Acham mesmo?! Tenho alturas em que dou por mim a sentir-me verdadeiramente louca, mas tenho de respeitar a medicação, ir às consultas com o psicólogo e acreditar que com a ajuda médica, profissional, pessoal e familiar que estou a ter, que vou ficar bem depressa.

Agora, é claro que continuo a ver filmes, a ouvir música, a ler livros e basicamente a ser "gente". Não me tranquei em casa num quarto escuro a lamentar a minha sina e a ficar revoltada contra tudo e todos. Embora me sinta revoltada em alguns momentos do dia e em algumas situações que presencio, já não me sinto descontroloda ou capaz de matar o alvo da minha revolta.

As depressões não são todas iguais, porque as pessoas não são todas iguais!

O primeiro passo, foi reconhecê-la e procurar ajuda, os seguintes consistem em eu permitir-me ser ajudada e coloborar com o processo.

Vitimizar-me seria colocar-me num papel que não aceito e que não encaixa na maneira como quero viver a minha vida. E acima de tudo, tenho muita (mesmo) vontade de me sentir bem e tranquila para poder ver as coisas que me afectam com uma perspectiva diferente que me permita evoluir e crescer.

Estagnar é morrer. E eu não quero morrer! Quero aprender a viver e não a sobreviver e arrastar-me, como andava a fazer de há uns tempos para cá.

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