Vi ontem à hora do almoço no telejornal que uma família em Trás-os-Montes que tem uma plantação de castanheiros, comprou uma máquina que é uma espécie de aspirador que apanha as castanhas directamente para uma outra máquina tipo "betoneira" que faz o processamento todo, desde tirar o ouriço e limpá-las, até saírem para as sacas prontas a serem vendidas.
Por que escrevo sobre isto?
Primeiro por que me chamou atenção por adorar castanhas e depois por que a notícia era notícia, porque a tal máquina faz o trabalho de 10/12 pessoas. Com esta máquina, bastam 4/6 pessoas para fazer esse trabalho, podendo esta família fazê-lo sem ter a necessidade de pagar mão-de-obra extra.
Ora, primeiro aspecto: os senhores investiram dinheiro nesta inovação pois disseram ter muita (bastante) dificuldade em contratar pessoas, porque não havia quem o quisesse fazer.
Falta de trabalho?
Ouço muito esta frase ultimamemte, mas acho que a forma correcta seria "há falta de emprego".
Trabalhos existem. Existem é na mesma proporção pessoas que não se sujeitam a fazer qualquer coisa.
E atenção que agora já não estou a falar da questão das castanhas. Não faço a menor ideia, mas suspeito que seja MUITO, o tipo de trabalho que dá apanhar castanhas. E quem diz castanhas, diz tomates, batatas, etc... Percebem o que quero dizer.
Também compreendo que existam "n" pessoas que investiram na sua formação e que, agora obviamente, esperam e procuram algo dentro da sua área. É perfeitamente aceitável. Existem pessoas que contraíram créditos para pagar os estudos. É somente natural estas pessoas quererem fazer algo dentro do que andaram anos a estudar. Ponto assente.
Agora, não me venham é dizer que quem "tem a corda ao pescoço" não arranja trabalho. E quem tem a "corda ao pescoço", faz praticamente qualquer coisa, ainda mais quando está em causa alimentar os próprios filhos. E aí as licenciaturas, os doutoramentos, ou mestrados pouco valem (ou pouco deveriam valer).
Acontece que muita gente encosta-se à sombra dos rendimentos dos outros. Sejam os outros, mulher, marido, pais, sogros, amigos ou até mesmo os próprios filhos (os que foram pais jovens e já têm filhos em idade adulta).
Se eu tenho alguma coisa que ver com isso? Não, nada! Mas tenho opinião. E acho que quando existem certos valores em causa, é muito mais importante "pôr comida na mesa", do que fazerem-se de senhores coitadinhos que são doutores e que têm de trabalhar numa caixa de supermercado.
Isso diminui alguém em algum aspecto? (E quem diz caixa de supermercado, diz vendedor, empregado de balcão, etc.) Essas pessoas, as que exercem essas e outras profissões, são menos que os senhores com licenciaturas e afins?!
O trabalho que essas pessoas desempenham não é essêncial, necessário mesmo, para podermos viver a nossa vida, o nosso dia-a-dia?!
Acho que não se dá o devido valor a algumas profissões, mas garanto-vos que todos dão pela falta dos senhores da recolha do lixo quando há greves, ou pela falta dos motoristas/maquinistas dos transportes, causando transtornos muitas vezes inimagináveis.
O que eu quero dizer com todo este discurso moralista é que TODAS as pessoas são precisas. TODOS os trabalhos, e não só empregos, são importantes. E ninguém é melhor ou pior, superior ou inferior a outrem pelo que faz na vida, profissionalmente falando.
Acredito que existam pessoas inteligentes a fazer trabalhos menos "adequados" às suas capacidades, por que não tiveram as mesmas oportunidades que outros ou simplesmente por que se podem reservar ao direito de fazer o que os torna mais felizes (seja lá a fazer que trabalho for).
Existem pessoas que abandonam carreiras de sucesso para fazer caridade ou irem para um país qualquer no fim do mundo, ajudar os animais em vias de extinção ou whatever.
Segundo aspecto, e podem pensar que estou a mudar radicalmente de assunto mas escrevo ainda dentro da notícia que motivou este post, há outro factor que me causa admiração e transtorno na mesma medida e em simultâneo.
O quê, perguntam vocês?!
Acho extraordinário que cada vez mais existam tecnologias que ajudem o Homem no desempenho das suas funções e actividades. É louvável poder assistir e acompanhar todo o progresso, todo o crescimento e evolução que este Mundo sofreu nos últimos anos... Mas não estaremos nós a caminhar progressivamente (e não tão demoradamente quanto isso) para o declínio da Humanidade?!
Não estaremos nós a contribuir para que o Ser Humano se torne obsoleto?!
Vi hoje um vídeo no Youtube com uma mensagem que a IBM transmitiu no final do ano de 2009. Ao mesmo tempo que é motivadora, é assustadora.
Até quando?!
Até quando seremos nós necessários e mais importantes?! Até quando, seremos nós que comandamos as máquinas e não o inverso?!
Parece cena à Exterminador Implacável ou I, Robot?!
Talvez não estejamos tão longe de alguns cenários de ficção!
Talvez!
... Só talvez...
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