Uma amiga minha perguntou-me há dias se a minha depressão tinha nome.
Achei curiosa a pergunta, até por que ainda não tinha colocado as coisas nessa perspectiva.
Sim! É claro que sei quais os motivos que me fizeram chegar até aqui. Mal seria. Posso estar com uma depressão, a tomar medicamentos e a consultar um psicólogo, mas sou racional e não perdi lucidez no meio dos meus ataques de raiva e agressividade.
Na realidade, a minha depressão sofre de um síndrome de múltipla personalidade. Ela não tem um só nome. Tem vários! E dei por mim a tomar a consciência (porque inconscientemente já sabia) que um dos nomes que ela assumiu com especial relevância é: R.! Dei por mim também a considerar este nome como um tabu e a recusar-me a falar dele com os meus amigos.
Ora, eu NUNCA fui de ter assuntos tabu na minha vida e recuso-me começar agora.
Quem é o R.?
É o menino sobre o qual escrevi tantos posts (directa ou indirectamente) neste blog.
É o menino que há um ano atrás (apesar de, na altura, o conhecer há já quatro anos) me fez acreditar que eu poderia voltar a sentir-me arrebatada. Sabem?! Aquela sensação de êxtase, de borboletas no estômago e afins?! Isso mesmo!
Depois de um período negro (MUITO) na minha vida e depois da perseverança de longos anos deste menino em mostrar que estava interessado em mim e que não queria apenas "usar-me" e deitar fora... Eu cedi!
Antes de mais... Se me arrependo? De maneira nenhuma!
Passámos momentos espectaculares e dignos de lembrança para o resto dos meus dias. Senti-me, pela primeira vez em muitos anos, desejada ao expoente da loucura, a lúxuria dos nossos encontros, o desespero por um abraço, um beijo... Pelo cheiro, pela pele... Senti-me uma verdadeira mulher, acarinhada, querida, protegida e segura.
Aliás, disse-lho e digo aqui: se ele pecou por alguma coisa foi por ter-me tratado bem demais e fazer-me sentir uma pessoa especial acima de tudo e todos.
O que poderá ter corrido mal, perguntam vocês depois desta descrição tão apaixonada?!
Na realidade, não posso dizer que tenha corrido mal alguma coisa. Simplesmente acontece que ele tinha algo mais forte e mais especial que eu na vida dele: um filho.
E apesar de eu NUNCA me ter colocado na posição de competição com o filho, até por que tenho uma irmã que amo como a uma filha que só não pari (mas bem sabemos que não é o mais importante), sempre compreendi esse amor incondicional acima de tudo e todos e JAMAIS faria algo que o pudesse fazer questionar o que quer que fosse nesse sentido.
Então o que aconteceu?!
Na altura e ao vermos que as coisas estavam a ficar sérias demais (sentimentalmente falando) e depois de eu saber bem a posição dele em relação ao que tinha alcançado na vida e que não estava (de TODO) em posição de perder... Tomámos a decisão conjunta de nos afastarmos.
Não! Não correu nada bem! Continuávamos a esbarrar-nos um no outro como se o mundo fosse uma varandinha (nem sequer um terraço) e o magnetismo que emanava de cada um de nós era tão forte que chegava a ser doentio e praticamente me levou (se calhar levou mesmo) à demência.
Tentámos sentar-nos e falarmos, chegarmos a um consenso e perceber o por quê de estarmos a lutar contra os nossos próprios sentimentos. Deixámos, mais ou menos, acordado que iríamos resolver esta situação, dando quiça uma oportunidade de tentarmos de novo levando as coisas com mais ligeireza...
... Ele desapareceu-me do mapa! Literalmente!
Depois do período inicial de raiva em que só pensava em confrontá-lo e espancá-lo, cheguei à conclusão que talvez este fosse o caminho mais fácil. E atenção! Eu disse mais fácil, nem por isso menos sofrível.
Se isso faz dele alguém mais forte que eu? - Perguntou-me outra amiga minha.
Acho que não. Acredito, aceito e acima de tudo, respeito a decisão dele (ainda que não tendo agido da melhor maneira), pois somos ambos adultos e penso que nunca chegaríamos ao ponto da ruptura por decisão conjunta. Era algo superior às nossas forças.
Mas então isso quer dizer que ele foi mais forte que eu, não?! Não, não foi! Simplesmente tinha uma arma poderosa à qual se agarrar.
Sei, porque sinto, que as coisas também não têm sido fáceis para ele. Sei como?! Não sei explicar. Como NUNCA soube explicar o que se passou entre nós e nos unia tão transcendentalmente.
Que foi real e verdadeiro? Certamente! Para os dois!
Que deixou saudades? MUITAS!
Que penso nele com mais frequência do que a desejada, que continuo a sonhar com ele e a ter crises de choro compulsivas por sentir uma perda descomunal dentro de mim? Não teria palavras para descrever tamanho sentimento.
Que tenho de aprender a viver com essa perda? Tenho! E felizmente tenho tido com quem contar. Os meus GRANDES Amigos que cá têm estado SEMPRE para mim.
E um, muito em especial (não depreciando os outros), tu meu doce! Sim, é mesmo de ti que estou a falar.
És uma das pessoas mais importantes da minha vida e conceber a minha existência num Mundo onde não tenhas lugar, é-me impossível.
Peço-te perdão se, por vezes, te magoo com a minha honestidade, frontalidade, com as minhas palavras ou até mesmo com o meu silêncio.
Bem sei que dizes que "entre nós não há essas coisas", mas caramba! És humano! Somos humanos! E eu às vezes tendo a esquecer que apesar de estares aqui para mim incondicionalmente, tens sentimentos.
Perdoa-me se te falho.
Amo-te de paixão! Tu sabes disso! Tu sentes isso e NUNCA nada nem ninguém irá colocar em causa a nossa relação. É nossa, é única e construímos algo ao longo de catorze anos que não entra em categorias, definições ou etiquetagens.
Já te disse e repito: às vezes acho que não te limitas a ser metade de mim... És EU num todo!
Estarei SEMPRE cá para ti, como sei que estarás para mim até que a morte nos separe... "Ou até depois disso", como já disseste!
E acabo com uma citação do livro O Alto dos Vendavais que te dedico inteiramente.
"Se tudo o mais perecesse e ele ficasse, eu continuaria mesmo assim, a existir; e, se tudo o mais ficasse e ele fosse aniquilado, o Universo transformar-se-ia para mim numa vastidão desconhecida. (...) Como posso eu viver sem a minha vida?! Como posso eu viver sem a minha alma?!"