Acho que já perceberam pelas diversas indirectas e dicas que tenho vindo a mandar ao longo da existência deste blog que eu não tenho uma boa relação com o meu pai (como neste post).
Esperem! Pára tudo! Dizer "relação" é já overstatement.
Aliás, a minha relação com os meus pais é algo susceptível de escrutínio médico na vertente psiquiátrica da coisa.
O meu doce comentou comigo um dia destes "entre a tua mãe e o teu pai, venha o diabo e escolha" e acreditem que ele SABE do que fala. É meu amigo há 16 anos e acompanhou MUITA coisa (ainda assim não toda) que justifica esse comentário.
De qualquer das formas, eu enquanto "diabo" tenho escolha. Escolho a minha mãe. Porquê?
A parte engraçada da coisa é que se formos a analisar a qualidade da minha mãe enquanto mãe, ela foi a que a nível quantitativo pior me fez. Mas o meu pai fez-me "mal" a nível qualitativo.
Não sei se me estão a acompanhar e sem contar a história da minha vida (que dispenso) não sei sequer se é possível perceberem o que estou a dizer.
O resumo da coisa é isto: a minha mãe foi uma péssima mãe, mas enquanto pessoa e ser humano compreendeu isso a tempo (felizmente não demasiado tarde) de fazer alguma coisa pelo nosso relacionamento.
Tornou-se uma pessoa melhor, um ser humano melhor e consequentemente uma mãe melhor (tanto que o é para a minha LL). Reconheceu os seus erros, arrependeu-se sinceramente por eles e tem lutado por criar laços com as filhas (eu e a DD, já que a LL vive com ela e ela é já diferente para ela. Ai dela se não fosse!).
Pediu-me perdão, não à espera de ser perdoada mas com a esperança de que eu permitisse que ela existisse na minha vida e pudesse construir comigo uma relação. E é o que temos feito. Temos construído uma relação. Uma relação de amizade, de confiança, de carinho e amor.
Pediu-me perdão, não à espera de ser perdoada mas com a esperança de que eu permitisse que ela existisse na minha vida e pudesse construir comigo uma relação. E é o que temos feito. Temos construído uma relação. Uma relação de amizade, de confiança, de carinho e amor.
É claro que sempre lhes tive amor, afinal são meus pais. Mas acreditem que passadas certas situações na vida e por muito amor que lhes sentisse, tornou-se complicado aceitar esse amor como algo mais que amor "obrigatório" pelos progenitores.
Bem, isto tudo para dizer que a minha mãe foi (tem sido) humilde e que reconhecendo as suas limitações enquanto minha mãe (já que perdeu em muito esse "direito"), tem sido uma boa amiga.
O meu pai... Eu honestamente prefiro nem ir por aí.
Deixem-me só dizer-vos isto e talvez percebam. Sabem quando, em tendo de fazer essa escolha, preferiam levar um estalo a ouvir certas coisas? Pois bem, muito desejei eu levar estalos do meu pai (segundo esse raciocínio).
A verdade é que esta nossa não-relação me consome. Não tanto como há uns anos, mas ainda assim mais que o suficiente para não me deixar levar a minha vida mental como gostaria.
Ele não faz nada para mudar esta não-situação (apesar de eu acreditar que na cabecinha dele, ele acredite que faz) e eu não posso (acreditem, NÃO POSSO MESMO) tomar a essa iniciativa, porque corro o risco de despoletar um desastre familiar.
Toda esta história para vos dizer que ontem à noite recebi mais um dos telefonemas maravilha dele. Um daqueles que ele faz trimestralmente numa de "só para saber se estás viva" (o que é triste, já que ele vive duas ruas acima da minha mãe e irmã DD que eu vejo TODOS os fins-de-semana, já para não falar que janto TODOS os dias nos pais dele, meus abençoados e amados avós), para me fazer uma conversa absolutamente despropositada.
Sou sempre o mais politicamente correcta que me é possível, até por que as nossas pseudo-conversas resumem-se a curtos 20 segundos (sem exagero). Ontem foram cerca de 60 segundos e foi já um esforço surreal para não o mandar à merda.
É triste! É só mesmo isto que tenho a dizer e que conclui na perfeição este post.
1 comentário:
Sei bem o que isso é... E tal como tu felizmente com a minha consegui construir laços de à cerca de um ano para cá, já com a besta do meu pai... Nunca lhe perdoarei o que ele me fez e mesmo que ele já tenha morrido à nove anos, não tenho pena nenhuma quando penso "que arda no fogo do inferno". A sério, um pai daqueles nunca sequer deveria ter nascido quando mais ser pai de alguém...
Enviar um comentário