Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Traição - Parte II

Hoje vou falar sobre traição. Um tema que já aqui abordei e que muita polémica gerou na altura.

Nessa altura falei sobre traição tentando abordar a perspectiva de quem trai, do traidor. Hoje e tendo já em mente o que vou escrever, quero dizer mais uma vez (isto parece que nunca são vezes a mais) que vou simplesmente dar a minha opinião e que apesar do que irei escrever, não sou a favor da traição. Mas quem seria?! Uma pessoa minimamente inteligente e percebendo que não consegue ser fiel, deve a si mesmo o respeito de não se comprometer com quem quer que seja, começando por assumir esse mesmo compromisso consigo mesmo.

Dito isto, quero que tenham em mente o seguinte:

Um homem ou uma mulher que ama o seu companheiro(a), que tem um bom relacionamento, onde exista companheirismo, cumplicidade, respeito (e não me saltem já para cima com comentários como "se tem respeito, não trai", porque isso são comentários moralistas e que pecam regra geral pela falta de imparcialidade)... Digamos, um relacionamento estável, que até já poderá ter alguns anos e em que tudo está bem com a vida do casal, especialmente a nível do sexo - sendo o motivo mais dado como justificação da prevaricação.

Estão a imaginar/viver isto?

Agora imaginemos que por um qualquer motivo alheio à vossa compreensão, até por que acham que não vos falta nada no vosso relacionamento (outra mentira. Falta-nos sempre qualquer coisa, mas dizê-lo parece ser um tabu porque admiti-lo faz-nos "duvidar" e pôr em causa coisas que preferimos não reconhecer), sentem-se atraídos por alguém.

Alguém que traz aventura onde temos rotina ou rotina onde só temos aventura. Alguém extremamente independente, quando estamos habituados à dependência que o nosso companheiro(a) tem por nós e que nem sempre é bom e positivo. Alguém com mais gostos/interesses em comum que o nosso próprio companheiro(a). Alguém que está constantemente de bem com a vida e que é uma pessoa positiva por natureza ao contrário da pessoa triste, desanimada/desmotivada com quem partilhamos a vida, etc. Já perceberam onde quero chegar: nem sempre o motivo de atracção por outra pessoa, passa única e exclusivamente pelo SEXO (ou a falta dele).

Estão lá? Já vos aconteceu? Já experienciaram este tipo de sentimento (e não estou a perguntar se por terem sentido isso, traíram, ok?), já olharam para alguém com mais interesse que a normal amizade ou relação de colegas de trabalho?

O que acontece se a outra pessoa sentir o mesmo? - E não, não vou pelo mesmo caminho do post que falei inicialmente.

Ora bem, vamos saltar todas as partes que aconteceram algures ali pelo meio, até à que realmente quero abordar. Essas duas pessoas envolvem-se fisicamente. Ou por que não são de ferro e a "carne" tem caprichos que UI! nem vou por aí... Ou por que no tal jantar de "gajas"/"gajos", beberam mais uns copos e de repente são o "superman with Lois Lane on the back" e/ou qualquer outra versão feminina da coisa. A questão não está no que levou a... Mas no tendo acontecido, foi um erro.

E foi um erro, porque amam o vosso companheiro(a), por que não estavam a pensar racionalmente, por que... Por que...

A minha questão é:

- Conta-se ao companheiro(a) o que aconteceu? (E para que fique bem esclarecido estou a falar de one time only. Não falo daqueles(as) que passada uma resma de tempo a traírem, se lembram "agora" que foi um erro, já que esses levantam outras questões que não vou falar agora senão este post não tem fim.)

A minha opinião é NÃO!

Sim, foi traição. Sim, foi um desrespeito, um erro gigante, algo que nos irá (poderá) marcar a vida toda, mas não acho que se deva contar ao parceiro(a).

E eu sou desta opinião porquê?

1ª Pergunta: contar ao meu parceiro o que aconteceu e se eu tenho a certeza de que não vou mais fazê-lo, vai contribuir para alguma coisa positiva?

2ª Pergunta: contar-lhe o que aconteceu vai mudar (fazer esquecer-me mais depressa) o que aconteceu?

3ª Pergunta: se aprendi a lição e não incorro no risco de voltar a fazer algo semelhante, ao contar-lhe irei ficar a sentir-me melhor sabendo que possivelmente arruinei uma excelente relação?

Acho que se a resposta a estas três perguntas for um redondo NÃO, então é por que NÃO vale a pena.

Acho que as pessoas que o fazem, fazem-no por egoísmo. E vá, agora ataquem-me! Digam-me que o fazem por amor, por que amam aquela pessoa de tal maneira que não conseguem esconder-lhe uma coisa dessas...

E eu digo-vos outra vez: fazem-no por egoísmo! Por que só estão a pensar em descarregar a sua perturbada consciência, por que não suportam a ideia de que o erro foi só culpa deles(as) mesmos(as). Que ao contarem/partilharem esse erro com o parceiro(a) vão encontrar lacunas, justificações (muitas delas com base em falsas premissas, já que a outra pessoa irá reagir de cabeça quente e dizer/fazer o que não quer) para o que aconteceu. 

Como se o outro fosse o reflexo da nossa insensatez. Fazem-no porque não sabem o que é amar alguém ao ponto de sofrerem elas mesmas essa dor, assumirem esse erro sem colocá-lo nas costa do outro(a). São pessoas que não sabem lidar com derrotas, fracassos e que subjugam os outros aos seus sentimentos mesquinhos pela incapacidade que têm de se erguerem e seguirem em frente.

O amor dói! O amor não é um mar de rosas como toda a gente parece pensar que é (ou então esquecem-se que as rosas também têm espinhos). O amor constrói-se. Alimenta-se, cuida-se como se uma planta fosse. Requer esforço (sim, requer trabalho, sacrifícios, quer gostem quer não do que estou a dizer), atenção, altruísmo, tolerância and so on

E não, o amor não acontece. A paixão acontece. O amor não. Por isso não aceito quando me dizem "se há esforço, é por que não é natural". Bulshit! Mas existe alguma lei imbecil que diz que temos de amar perdidamente tudo numa pessoa?! Que temos de aceitar incondicionalmente tudo numa pessoa? 

O amor está em, apesar de tudo nessa pessoa (erros, defeitos, qualidades, whatever), sabermos amá-la pelo que ela é, pelo que não é, pelo que conhecemos dela, pelo aceitar que podemos ser decepcionados pelo que não conhecemos (já que NUNCA conhecemos alguém na totalidade) e ainda assim ACEITARMOS essa pessoa num TODO. Isso é amor (não só, mas o resto está implícito).

Alguém que não consegue viver com um erro estúpido e descarrega-o nos ombros do outro, é alguém que não ama o suficiente para poupar os sentimentos de mágoa, traição, revolta, angústia, repugnância e tantos outros que irá causar. 

É alguém que "prefere" ver o companheiro(a) degladiar-se com a falta de amor próprio e auto-estima consequentes dessa confissão, a pensar "mas onde é que errei?". Sim, por que aí a outra pessoa (a traída) tem que ter errado, pois se não tivesse errado não tinha sido traído(a). É ver quem se ama entrar neste tipo de ciclo vicioso, demente e ainda assim achar que fez "o que era certo" ao contar.

Amigos, não quero ser traída NUNCA pois nem sequer consigo conceber tamanha dor. E nem sequer quero que concordem comigo... Mas se algum dia me acontecer (voltando à questão do one time only) que o meu parceiro me ame o suficiente para sofrer ELE pelo erro que fez.

E aqui deixo o "Jura" do Rui Veloso que se aplica na perfeição.

3 comentários:

Ana disse...

Não queres que concordem contigo mas eu vou ter de concordar, e muito!
Claro que o ideal será não haver traição, por todos os motivos e mais alguns. E também concordo muito quando dizes que quem não se acha capaz de se manter fiel é preferível não assumir compromissos, e assim permanecer fiel e leal a si mesmo. Claro que toda a gente passa, ou já passou, por situações em que a sua fidelidade é desafiada, e isto nada tem a ver com amar mais ou menos o companheiro. Existem mil e uma situações em que se pode cair no erro de se cometer esse erro. Volto a dizer que o ideal é não trair, mas se isso acontece uma vez, se é uma coisa isolada que em nada muda o que se sente pela outra pessoa, para quê contar? Para quê esse tal descargo de consciência? Para partilhar a culpa? É egoísmo sim, é magoar por magoar, e isso consegue ser pior que a própria traição.

Anónimo disse...

A sério, até me arrepiei com as tuas palavras. Gosto sempre da forma como abordas as coisas e praticamente concordo sempre com as tuas visões e mais uma vez tudo o que escreveste eu concordo plenamente!

Sem tirar nem pôr!

Beijinhos

MM disse...

Lu,

Mais uma que concorda?! Ai, ai, ai! LOL!

Quando escrevi este post ontem à noite, pensei que ia ser chicoteada em praça pública... Mas afinal está a ser bem recebido.

Até mesmo aqueles que lêem e não comentam, tem-me enviado sms's a dizer que adoraram (os que me conhecem na vida real entenda-se e que não querem dar a cara ou o nome).

Não estava à espera, mas fico muito feliz. É sinal de que ainda existem pessoas com a cabeça no sítio, com bons sentimentos, com moral, escrúpulos e que sabem o que é amar alguém. :)

Obrigada, bom fim-de-semana e beijinhos grandes!