Tenho vontade de escrever, mas não acho existirem palavras suficientes no mundo para expressaram dor e perda.
É algo que não se traduz em palavras. Sente-se!
E por mais que não queiramos pensar no assunto, ele está lá no nosso inconsciente em cada pequeno gesto que fazemos.
Voltei aos comprimidos para dormir e sinto-me anestesiada. Sinto que estou a viver a minha vida como se estivesse a observá-la de cima e não em mim, na minha pele.
Mas ontem depois da banhoca matinal, pensei: "a vida continua. Faz qualquer coisa habitual, sem importância a ver se entras nos eixos."
E foi assim que dei por mim a pintar as unhas. Há já cerca de um mês que não o fazia.
Diga-se de passagem que até fez bem. Anos e anos consecutivos a levarem com verniz... Coitadas das minhas unhas. Bem precisavam de descanso.
E não andavam pintadas por quê?
Simples! Andei demasiado doente para ter paciência para fazer a minha manicure e depois com a recente perda da minha avó, a paciência foi-se de vez.
Mas o meu avô paterno fez ontem 69 anos. São já os únicos dois avós que tenho vivos e tenho de aproveitá-los ao máximo. O mínimo que eu podia fazer era aparecer bem disposta e arranjada como sempre ando.
Acontece que naquele pequeno, fútil e até mesmo rídiculo gesto de estar a pintar a unhas me fez lembrar a minha avó e acabei inevitavelmente a chorar.
Parecia que estava ouvir a voz dela lá em casa a dizer algures de uma qualquer outra assoalhada "filha, estás a pintar as unhas? É que cheira a verniz!".
Agora não tenho ninguém que diga isso, nem ninguém que a seguir me vá dizer "que linda cor, filha", "estão bem lindas as tuas unhas!".
E não! Não é falta de bajolice que sinto. É mesmo o facto de saber que não vou voltar a ouvir a voz dela, sentir a presença dela e saber que ela está ali para mim a qualquer altura do dia ou da noite.
Boa 2ªf!
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