Maldades, Maldades... Adoro Maldades!

Para apreciadores de "maldades" com nível, requinte e inteligência, que sabem saborear humor sátiro... Pautado por visões "dark side" do quotidiano.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Por Que Parece...

... Ser tão difícil sentir-me bem e feliz com o mundo e comigo?

Estou numa fase da minha vida em que não só me parece ser difícil, mas mesmo impossível ver uma "luz ao fundo do túnel" (que não passe por morrer), algo que me faça manter a esperança e continuar.

Sim, sou saudável e tenho trabalho. Tenho uma casa, um carro, uma vida própria...

As pessoas à minha volta e especialmente aqueles que amo, apesar das muitas dificuldades (até mesmo de saúde) que estão a ultrapassar, estão bem e tenho aparentemente todas as razões do mundo para sorrir e achar que a vida é bela.

Por que não o consigo eu fazer?!

Por que é que apesar de conseguir dar verdadeiro valor a todas as coisas que tenho e que alcancei, não consigo sentir-me compensada, safisteita, feliz?!

Poderia dizer que tem que ver com a sempiterna ambição humana e a sua incessante busca pela perfeição que NUNCA alcançará... Mas não tem! Não no meu caso, pelo menos.

Sinto-me assim, porque não encontro objectivo na minha vida. E sim, parece que agora é moda viver para o "hoje" e o "amanhã" logo se verá... Mas a verdade é que precisamos de fazer planos, de querer concretizar projectos, sonhos para conseguirmos continuar.

E eu não vejo "amanhã".

O meu único objectivo é chegar ao final do mês para receber mais um ordenado, onde depois de pagar as contas não sobra nenhum. Mais que isso, é evitar ficar doente (já que tenho uma propensão besta à coisa) para não faltar dias de trabalho, para que não mos descontem porque se não já não chega para pagar as ditas contas.

É casa-trabalho e vice-versa. É não sair e não me divertir, porque literalmente não posso sustentar esses pequenos luxos.

É não ter ninguém com quem partilhar a minha vida (e é óbvio que estou a falar no sentido romântico, pois os meus preciosos amigos estão cá sempre para mim) e apesar de eu sempre dizer que não sou relationship material (e não sou) sentir a falta (necessidade, mesmo) estúpida de me apaixonar e acreditar no "amor e uma cabana" durante uns ridículos, mas felizes tempos.

Mas eu não acredito nisso.

Ah doce e abençoada ignorância... Por que me abandonaste?! Felizes os ignorantes.

Às vezes gostava de fazer parte desse grupo de pessoas - os ignorantes. Os que não sabem o que é uma desilusão, uma mágoa. Os que não sabem o que é o sofrimento, a decepção, o descrédito. Os que são felizes com o pouco que têm, ainda que baseado em futilidades ou em falsas premissas... A ignorância é um estado quase divinal de tão abençoado.

Mas a realidade existe. E é dura, fria, cruel, madrasta. E uma vez provada esta realidade, estamos condenados.

Infelizmente, eu estou condenada desde há muito. Desde há tanto que não me lembro se alguma vez fiz parte dos abençoados.

Desde há tanto que sinto falta de sorrir estupidamente só por que sim. De rir à gargalhada com as coisas mais simples da vida. Não me lembro da última vez que me senti feliz (mas tenho bem em mente as vezes em que me senti triste), da última vez em que o Universo conspirou a meu favor... Da última vez em que injectada pela ilusão da plena felicidade, me senti capaz de carregar o "Mundo às costas"...

Desde há muito que apenas as lágrimas são a minha companhia e ainda que elas não se manisfestem no seu esplendor cristalino e me salguem os lábios... Tenho-as lá, guardadas... Amargas, amarguradas e feridas pela vida e pela falta de sentido dela.

Tenho-as lá naquele sítio desértico e gelado onde é suposto habitarem a fé, a esperança...

... Naquele sítio tão desolado, onde qualquer dia até a perseverança perecerá...

Sem comentários: