Acho, sinto que vos devo uma qualquer espécie de justificação em relação a este tema (ainda que tardia), já que muitos de vós acompanharam essa minha aventura com especial entusiasmo.
Sim, adoro Tango Argentino e sim, estava super entusiasmada com este novo ano, até por que ia fazer de assistente júnior, lembram-se?!
Acontece que, como em tudo na minha vida, ou entrego-me de corpo e alma e faço e faço bem ou prefiro não fazer de todo. Sou muito radical: "ou oito ou oitenta".
Nas últimas aulas de Tango estava difícil abstrair-me do "mundo lá fora" como conseguia fazer ao início. Tinha colegas fantásticos e que ainda hoje, incansavelmente, me convidam para este ou aquele evento e me ligam a saber de mim.
Nunca mais dei um passo de Tango desde a última aula... Já nem sei se me lembro! Se o Tango me está no sangue, na alma?! Está! Mas muitas coisas estão e eu não as levo adiante.
Por quê?!
Precisamente pelo que disse. Se não posso dar a entrega que sinto ser necessária, não faço.
Chamem-lhe preguiça, cobardia, desistência... O que quiserem! A verdade é que, de momento, não reúno de todo condições psicológicas para qualquer tipo de actividade.
Se calhar é um contra-senso. Se calhar esta era a altura perfeita para eu me distrair e fazer alguma coisa que me ajudasse a sair da depressão... Mas eu conheço-me MUITO bem e sei que comigo as coisas não funcionam assim.
Sou diferente, estranha em muita coisa, mas só por que me conheço a um nível que poucas pessoas poderão dizer conhecerem-se a si mesmas.
Outro contra-senso, certo? Então, mas se te conheces assim tão bem, sai dessa (depressão), não?! - Poderão dizer-me!
E vou sair, acreditem. Eu sei que sou capaz e que tenho em mim a chave para sair dela. Acontece é que apesar da solução, dessa dita "chave" existir dentro de mim... Ando um bocado para o perdida. Além de andar perdida, anulei certas partes de mim na esperança de esquecê-las, aliás, obliterá-las mesmo de raíz.
Tipo trauma, entendem? Quando começo a procurar a "chave" dentro de mim, dou com imensas barreiras e outros tantos obstáculos. Acho que cheguei ao ponto de esquecer alguns "caminhos".
Daí estar na situação que estou. Preciso de encontrar um mapa e do auxílio de uma bússola para alcançar a solução, para reencontrar o caminho... Ou ainda que não o reencontre, construir um alternativo.
Na verdade, acho que este conhecer-me bem demais me fez ficar assim. Tenho muita coisa em mim que me assusta e me faz ter medo de mim mesma e depois tenho aquela tal falha de carácter/personalidade que já tantas vezes vos mencionei: posso passar por cima de tudo e todos, mas passar por cima de mim... Não é fácil! Batalha inglória essa, quando entro numa da travar.
Enfim, concluindo... Tango, até ver, fica em standby (como outras coisas o estão na minha vida)... Mas eu continuo aqui, a escrever. Ainda é uma das poucas coisas que faço com real interesse e vontade.
Ter este blog ajuda a equilibrar-me tal como o disse no primeiro post que publiquei e por isso, por aqui me manterei.
Boa noite!
2 comentários:
Olá Requintes
Também eu tenho uma paixão pelo tango só que infelizmente não tenho tempo para praticar!
Vejo-a cheia de vontade de vencer a "besta" e isso é bom!
A sua bússola por enquanto está meio desnorteada não é?
Nesta fase o psicólogo pode ser muito útil.
Sim eu também já passei por isso que está a passar, também já me afligi a sentir que me tinha perdido no caminho,desorientada por perder o gosto a coisas que me faziam sentir-me bem, enfim duvidava de poder voltar a ser EU de novo.
A questão final eque me causava horror era básicamente esta: que tipo de pessoa vou encontrar quando submergir "disto"?
A pessoa que eu amava e que fazia sentir-me querida e protegida foi trabalhar para muito longe.
E esqueceu-me. Desapareceu. Foi isto que aconteceu.
Agora...para poder "sair dessa" tive de "ME" amar "por ambos" eheheh!
Ter paciência comigo. Embalar-me nos momentos mais negros. Confiar no meu terapeuta e saber que era uma parte de mim que estava doente, e a outra apenas adormecida...entorpecida.
Bem Requintes isto já vai longo.
Sabe aquela frase que diz "o que não nos mata só nos faz mais fortes"?
É isso mesmo!
Ana F.
Cara Ana F.
Se "o que não nos mata, só nos faz mais fortes"... No fim... MEDO!
Serei uma BESTA (de força, entenda-se)! ;)
Obrigada por partilhar comigo uma parte de si (importante e dolorosa). E tal como a Ana superou, tenho a certeza que também eu superarei!
Um dia de cada vez, devagarinho... Tudo se há-de compôr!
Beijos Grandes!
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