Abri-te a porta... Mas não era uma porta qualquer. Abri-te a porta do meu coração.
Ela esteve trancada e selada à espera de alguém especial para que pudesse entregar a chave escondida que guardava com tanta devoção.
Entraste... Mas não soubeste respeitar esse espaço sagrado onde eu guardo todos os meus sentimentos mais nobres.
Na realidade, invadiste-me! Sim, sei que fui eu quem te entregou a chave, mas mesmo assim, tinhas o dever de pedir permissão.
Não o fizeste. Entraste e ocupaste-o como se fosse teu... E era teu... Mas nem assim, poderias abusar dele como fizeste.
Não demonstraste respeito e andaste a remodelar as coisas a teu bel-prazer. E quando deste por terminada a tua estadia, saíste e deixaste para trás todo um vestígio da tua presença...
E eu fui e fechei a porta. Mas agora é impossível habitar no seu interior. Tudo tem a tua marca. Sinto o teu cheiro por todo o lado, vejo o teu sorriso nos espelhos que tapei, mas que teimam em testar-me como se o meu sofrimento não fosse já mais que suficiente.
E agora procuro, louca, a chave da porta. Não sei onde a meti.
Quero sair daqui!
Será que a levaste contigo?!
Será que o teu egoísmo foi tal que depois de tudo o que me fizeste, ainda te julgas no direito de ficar com algo que me pertence?
Quero a minha chave!
Devolve-ma!
... Mas desapareceste.
E eu estou trancada em mim... Aprisionada à tua vontade, enclausurada à tua espera!
Até quando? - Pergunto.
Não tinhas o direito! E no entanto, fui eu quem to deu... Mas não para ser usado dessa forma.
E agora estou de joelhos, a chorar e a implorar, apesar de todo o mal que me fizeste passar:
- Volta! Volta para mim!
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