Sinto falta de me sentir feliz.
Não estou a dizer que me sinto triste. Simplesmente sinto a necessidade de ser/estar e sentir-me feliz. Não sei o que é isso há muito tempo.
Tenho momentos felizes como toda a gente. Momentos bem passados. Momentos de gargalhada e divertimento... Mas aquela felicidade intrínseca (e que verdade seja dita não me é de todo natural), não sinto há tanto tempo que nem sei se sequer me lembro da sensação.
Quando penso nisso, associo essa sensação à inevitabilidade de estar apaixonada, mas será que não é possível senti-lo sem o estar?
É um facto comprovado cientificamente que estar apaixonado é o equivalente a consumir substâncias tóxicas... Daí haver quem seja literalmente viciado em paixão e salte de paixão em paixão logo que a mesma acabe, por só saber viver essa parte dos relacionamentos.
Não sei o que é ter e estar num relacionamento há anos... Tantos que também já esqueci. E nem sequer acredito mais ser-me possível apaixonar-me (apesar do querer).
Tornei-me nesta pessoa completamente descrente e pior que isso, numa pessoa que não acredita sequer que alguma vez me seja possível ter e estar com alguém.
Sempre me foram apontados defeitos à minha excessiva auto-estima e auto-confiança extrema... Apercebi-me há bem pouco tempo que os perdi. Não sei o que é sentir-me mulher. Sou feminina e ando sempre toda arranjadinha, porque é de mim e nem sei ser de outra forma... Mas faço-o para mim, contrariamente ao que possam pensar os demais à minha volta. Faço-o por uma questão de bem estar pessoal, por vaidade... Não o faço para chamar à atenção ou por querer que reparem em mim.
Aliás, acho que ninguém repara em mim. Sinto-me invisível para o mundo no geral e para os homens em particular.
Não sei o que é sentir-me sexualmente interesante e nem sei se ainda o sou. Deve ser o que se sente quando essa parte da vida de uma pessoa morreu.
Tenho conhecido pessoas novas (mais mulheres que homens) e uma das primeiras coisas que ouço é como sou bonita. A esses comentários respondo um "obrigada" automático e educado e não acredito em nenhum.
Nas minhas costas vão dizer à pessoa que nos apresentou que não percebem como uma mulher bonita, inteligente e interessante como eu está sozinha... E todos comentam que devo ter um feitio complexo e muito particular.
Sim, tenho. Mas nos meus 31 anos de vida já percebi também que tenho mais fama que proveito e que quem me conhece e se interessa em conhecer-me, rápido percebe que a bem fazem o que querem de mim e por isso chego à conclusão que ninguém se tem interessado o suficiente.
O problema também está em eu não conhecer ninguém (homem entenda-se) interessante há anos!!!
Não, não sou esquisita e exigente. Simplesmente queria encontrar um homem. Um HOMEM. Não um menino, não uma criança grande. Um homem independente (e não com quase 40 anos a viver em casa da mãe). Um homem com trabalho, que pague as suas contas e seja responsável pela sua sobrevivência. Que seja inteligente, que saiba conversar, que saiba estar. Que tenha interesses na vida... Não me parece-me nada inalcansável quando penso nisso, mas depois olho à minha volta e vejo a sociedade em que vivemos... E penso outra vez.
"Ainda não aconteceu, porque ainda não chegou a altura certa" - Ouço vezes sem conta, como se eu fosse já um caso perdido e sem solução. Como se eu andasse a bradar desesperada que preciso de alguém (não ando, mas preciso e para quem partilha a minha intimidade, isso não é nenhum segredo)... Mas quando chegará a altura certa? Quando for velha e estéril?!
... Faltam-me hostamente as palavras para pôr por escrito o que realmente sinto e sem sei se me conseguem ler nas entrelinhas. Sei apenas que estou numa fase da minha vida em que realmente preciso que alguma coisa mude nesse campo. E preciso que mude muito em breve.
Quero sentir-me feliz, bonita, interessante, VIVA! Quero dançar... Quer rir parvamente... Quero sentir-me excitada e ansiosa só porque sim. Quero e PRECISO!
É pedir demais?!
Sem comentários:
Enviar um comentário